Filipe Carvalho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Filipe Carvalho
Filipe Carvalho
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Mestre em Teoria da Literatura (2003) e licenciado em Estudos Portugueses (1993). Professor de língua portuguesa, latina, francesa e inglesa em várias escolas oficiais, profissionais e particulares dos ensinos básico, secundário e universitário. Formador de Formadores (1994), organizou e ministrou vários cursos, tanto em regime presencial, como semipresencial (B-learning) e à distância (E-learning). Supervisor de formação e responsável por plataforma contendo 80 cursos profissionais.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Para fazer o esquema rimático, devo considerar apenas a rima soante, ou também a toante?

Obrigada.

Resposta:

Deve considerar as duas.

Fala-se de rima soante ou consoante quando a correspondência dos sons é completa. A rima é toante ou assonante, quando há conformidade apenas da vogal tónica (Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, 17.ª ed., Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 691; ver também textos relacionados).

Para se fazer o esquema rimático, deve levar-se em conta todo o tipo de rima que exista num poema, excluindo a rima interna. O que está em jogo é a coincidência ou correspondência de sons entre os versos de um poema, tendo em conta as características sonoras de como finalizam (por esse motivo, o esquema rimático terá de incidir sobre a rima externa, e não sobre a interna). A coincidência de sons leva à atribuição de uma dada letra, no final de cada verso; quando os sons se alteram em relação a anteriores e são coincidentes com outros que se seguem, atribui-se-lhes outra letra. Sempre que há mudança de som, há mudança de letra. Apesar de todo o poema dever estar sujeito ao esquema rimático, este processo deve iniciar-se nas estrofes (Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, 17.ª ed., Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 696).

De notar que há versos que não rimam (soltos ou brancos), mas também estes devem estar sujeitos às regras do esquema rimático e deve-se-lhes atribuir uma letra.

A realização do esquema rimático permitirá identificar quais os tipos de rima que o poema possui.

Pergunta:

Qual o superlativo absoluto sintético de benéfico e heroico?

Obrigado.

Resposta:

O adjetivo benéfico tem como superlativo beneficentíssimo – considerada uma forma culta e alatinada de superlativo (vd. Dicionário Priberam).

O adjetivo heroico* tem como superlativo absoluto sintético heroicíssimo, seguindo a regra geral: os adjetivos terminados em o perdem a vogal final e acrescentam -íssimo para se constituir o superlativo.

* Depois do Acordo Ortográfico (vide ponto 3 da Base IX), o ditongo ói das palavras graves ou paroxítonas (quando a sílaba tónica é a penúltima) deixou de ser acentuado: por exemplo, heróico passou a heroico. Outros casos: introito, jiboia, joia, ou paranoico, por exemplo.

Pergunta:

Assertivo é da família de palavras de certo?

Resposta:

Não. O adjetivo assertivo é da família de palavras como o verbo assertar, os substantivos asserto e asserção. Assertivo significa «que tem carácter de asserção», «que declara ou afirma algo».

O adjetivo certo tem como significado aquilo que é correto, que é verdadeiro. Palavras da mesma família são acerto, acertar, acertado.

Pergunta:

Diz-se redu-lo?

Resposta:

Sim. É uma forma correta. As formas verbais terminadas em z, como é o caso de reduz, terceira pessoa do singular do presente do indicativo de reduzir, quando pronominalizadas, perdem a consoante final, enquanto o pronome o se transforma em lo. O mesmo acontece com os verbos finalizados em r ou s: «vou compor um hino» > «vou compô-lo»; «pus o livro na prateleira» > «pu-lo na prateleira».

Pergunta:

O vocábulo livro relativamente ao vocábulo folhas... É uma relação de hiperonímia, ou de hiponímia? Porquê?

Resposta:

É uma relação de holonímia, sendo que as folhas pertencem ao livro. O livro será o holónimo, e as folhas, o merónimo. Um livro sem folhas não existe. Elas são parte do livro. De notar que esta situação não se põe num livro eletrónico, pois este não tem folhas eletrónicas, mas tão-somente páginas eletrónicas.

A relação de hiperonímia e homonímia é diferente. Não é uma relação entre a parte e o todo, mas entre elementos de significado mais genérico que têm presentes outros elementos semanticamente mais específicos. Por exemplo, a palavra veículo tem carácter geral e abrange, por isso, a significação de automóvel, camião e autocarro, que têm aplicação mais restrita. Dizemos, portanto, que veículo é hiperónimo de automóvel, camião e autocarro, e que estes termos, por sua vez, são hipónimos de veículo.