Jogadores selecionados por Fernando Santos:
«... Renato Sanchez»
in "Jornal da Tarde", RTP1, 26/08/2016
Mestre em Teoria da Literatura (2003) e licenciado em Estudos Portugueses (1993). Professor de língua portuguesa, latina, francesa e inglesa em várias escolas oficiais, profissionais e particulares dos ensinos básico, secundário e universitário. Formador de Formadores (1994), organizou e ministrou vários cursos, tanto em regime presencial, como semipresencial (B-learning) e à distância (E-learning). Supervisor de formação e responsável por plataforma contendo 80 cursos profissionais.
Jogadores selecionados por Fernando Santos:
«... Renato Sanchez»
in "Jornal da Tarde", RTP1, 26/08/2016
Os anglicismos proliferam na língua portuguesa, fruto da globalização, é verdade – mas, e em grande parte, também, por insensibilidade pelo primado e o bom uso do idioma nacional.
«(...) No mínimo surpreendente a ausência de qualquer cuidado editorial na publicação de uma notícia com tantos erros (primários) em tão poucas linhas. Mais estranho, ainda, por acontecer precisamente no jornal que fez do Acordo Ortográfico a fonte de todos os atropelos à língua portuguesa. (...)»
A propósito dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016, um curto glossário à volta da diferença, por exemplo, entre olimpíada e olimpíadas, olímpico e olimpismo, arena, estádio ou pavilhão. E muito mais.
No livro Não é errado falar assim, Marcos Bagno menciona telefonema como substantivo de gênero variável. Eu nunca ouvi «a/uma telefonema» em Botucatu, SP, Brasil, sempre «o/um telefonema» (se se tornou feminino nestes últimos anos, não saberia dizer). Procurando no Twitter, noto que pessoas de várias regiões do Brasil usam, efetivamente, o substantivo como feminino, mas não só no Brasil, algumas em Portugal também, apesar de «o/um telefonema» continuar a ser a forma maioritária em ambos os países. Têm alguma informação a respeito?
Na maioria dos dicionários pesquisados, o substantivo telefonema surge como masculino; não obstante, o Dicionário Houaiss, em nota etimológica, regista o uso de telefonema no feminino, embora o classifique como vulgar: «telefone + -ema (masc., vulgarmente fem.)». Isto significa que, no português popular do Brasil, é possível atestar usos de telefonema no feminino (no português de Portugal, parece ainda raro). Note-se, porém, que se trata de um feminino que não é aceite pela chamada norma-padrão, mesmo no Brasil, como comprova o registo da palavra por Maria Helena de Moura Neves (Guia de Usos do Português, 2003) e Evanildo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa, 37.ª ed. 2002, p. 139), autores que mencionam telefonema justamente para assinalar que lhe é dado o género masculino. Este vocábulo vem do grego tẽle, «longe» + phónema, «som da voz».
A utilização do determinante artigo feminino, tanto definido como indefinido, antes da palavra [como acontece principalmente no Brasil] só pode ser entendida devido à finalização em -a, vogal característica do feminino na língua portuguesa. Este uso poderá estar a generalizar-se, e daí a obra Não é errado falar assim, de Marcos Bagno, mencionar telefonema como substantivo de género variável. A perspetiva de Marcos Bagno inscreve-se numa corrente de opinião no Brasil, segundo a qual o uso da língua deve estar menos sujeito às restrições e censura da tradição da gramática prescritiva, e devem aceitar-se os dados da descrição linguística. Contudo, enquanto a sua utilização não for consagrada pelo uso culto...
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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