Pergunta:
A directa assimilação de palavras estrangeiras, adaptadas à grafia ou à fonética, não é novidade em Portugal.
É de estranhar que os léxicos portugueses incluam uma "corrupção" fonética do termo inglês media (em inglês diz-se "mídia") que é usado em diversos contextos com significados diferentes:
— meios de comunicação social, suportes de dados, formatos de ficheiros áudio e vídeo.
Das novas palavras relativas à ciência computacional já inseridas nos dicionários e que por não terem correspondências ou homónimos foram adaptadas ao novos significados: clique/clicar (click), disquete (diskette), formato/formatar (format), etc.
Ser contra estes estrangeirismos é no mínimo bacoco, pois o vocabulário provém do inglês e contra isso não há nada a fazer, excepto evitar as divergências entre original, o significado e a sua tradução.
Dada a troca de sons, do inglês para português, o e inglês diz-se "i", devia-se neste caso particular de media adoptar a fonética em detrimento da grafia. Ou seja "mídia".
O principal problema é que as crianças e os jovens que se deparam com a palavra media ou média ambas com significados muito diferentes da palavra original em inglês. Se por um lado m...
Resposta:
Em português europeu, a forma média, como equivalente do inglês media, redução de mass media,1 não é erro de dicção. O que acontece é que o inglês media, pronunciado aproximadamente como "mídia", é adaptação fonética do latim, media, plural do adjectivo neutro substantivado medium, que, em português, deu origem às palavras meio, por via popular, e a médio, por via erudita.
No Brasil, fez-se o aportuguesamento fonético e gráfico de media por via do inglês norte-americano, daí mídia (ver Dicionário Houaiss). Em português europeu, optou-se pela forma latina original, pronunciada "média": sendo assim, a adaptação fonética e gráfica do latim media é, na variedade lusitana, média, palavra convergente e homónima de média, «valor definido como uma grandeza equidistante dos extremos de outras grandezas» (idem).
É verdade que se revela sempre incómodo aumentar o número de homónimos, pelas confusões a que estes podem dar azo. Pode-se argumentar que o problema deixa de existir, quando se verifica que média, «meios de comunicação (de massas)», tem o género masculino, assim se distinguindo de média, «valor equidistante», do género feminino. Mas justamente porque média é um plural masculino anómalo, tem-se recomendado, para o português europeu, o emprego da forma latina media, entre aspas ou em itálico, de forma a evitar quer o anglicismo fonético quer a homonímia com média, substantivo feminino.