Pergunta:
Gostaria que o Ciberdúvidas me elucidasse sobre a forma correta de escrever em português seis topónimos europeus referentes a cidades capitais, cujo tratamento nos media é divergente ou dos quais duvido se existe uma forma portuguesa em uso ou usável. São eles:
– Karlsruhe, capital judicial da Alemanha: Existe aportuguesamento?
– Цетиње (Cetinje), capital histórica e presidencial do Montenegro: Devemos escrever Tsetinie ou Tsetínie?
– ცხინვალი (Tskhinvali, em georgiano) ou Цхинвал (Tskhinval, em osseta e russo), capital da Ossétia do Sul: Como formar um aportuguesamento desta palavra? Tesrinval, Tesrinvali, Tserrinval, Tserrinvali?
– სოხუმი (Sokhumi, em georgiano), Сухум (Sukhum, em russo) ou Sukhumi (forma inglesa), capital da Abecásia: Devemos apenas verter para Sucúmi ou Sucum, ou devemos aportuguesar o kh para rr?
– Ստեփանակերտ (Stepanakert, em arménio) ou Xankəndi (Khankendi, em azerbaijanês), capital do Alto Carabaque: Será Estepanaquerte legítimo? E como aportuguesar Xankəndi?
– Tórshavn ou Thorshavn, capital das Ilhas Féroe: Como aportuguesar? Que sílaba tonificar?
Muito obrigado pelo sempre prestável esclarecimento do Ciberdúvidas.
Resposta:
Em nome do Ciberdúvidas, começo por agradecer o apreço pela nossa opinião sobre este assunto. Gostaria, no entanto, de expressar o seguinte juízo sobre um dos eventuais pressupostos da pergunta – o de que existe, em abstrato, uma forma portuguesa correta para cada um destes topónimos.
Como vou explicar, a maior parte de tais topónimos não tem forma portuguesa correspondente fixada pela tradição, pelo que se torna muito difícil apresentar aqui como correto um nome português, sobretudo tendo em conta que as línguas de alguns dos topónimos apontados usam alfabetos não latinos que não têm ainda estabilizada a devida transliteração em língua portuguesa. Dito de outra maneira, há um problema prévio a resolver: perante certas línguas, a necessidade de dotar o português de critérios de transliteração que tenham reconhecimento, se não a nível oficial, pelo menos entre a generalidade das entidades que têm poder de decisão em matéria de norma linguística.
Posto isto, passo a comentar cada nome proposto, sobretudo com base nos vocabulários ortográficos que incluem a grafia de topónimos estrangeiros, a saber: o Vocabulário da Língua Portuguesa (1966), de Rebelo Gonçalves, e o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (2009), coordenado por J. Malaca Casteleiro.
– Karlsruhe
Sem aportuguesamento nas fontes consultadas.
- Цетиње/Cetinje
Não existe aportuguesamento disponível nas fontes acima indicadas, mas documenta-se Cetinhe. Note-se que em línguas próximas do português há formas vernáculas para este nome. Por exemplo, o espanhol dispõe de Cetiña, e o italiano, de Cettigne; a primeira destas formas poderia aportuguesar-se como "Cetinh...