Pergunta:
Mãe e pai, etimologicamente, são provençalismos, arabismos, latinismos arabizados (ou berberizados?), “infantilismos” (por apócope da 2.ª sílaba de madre e padre e ditongação da vogal da 1.ª sílaba?), ou outra coisa?
Resposta:
São palavras patrimoniais de origem latina vulgar, ou seja, são o resultado do latim vulgar MATRE e PATRE.
As sequências etimológicas mais aceites são como seguem:
(1) MATRE > *made > *mae >mai> mãe
(2) PATRE > *pade > *pae > pai
As formas hipotéticas *pade e *made teriam aparecido por sonorização de T latino intervocálico e queda da consoante vibrante configurando uma articulação característica da linguagem infantil (cf. Dicionário Houaiss, s. v. mãe e pai; ver também José Pedro Machado, Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa). Teria depois ocorrido a síncope de [d] intervocálico e resolução do hiato "ae" no ditongo "ai". No caso de mãe, há a considerar ainda um fenómeno fonético adicional que é a nasalização do ditongo por efeito da consoante nasal bilabial [m].
Importa destacar que pai é forma comum ao português e ao galego, e que mãe é (ou era) também mai em certos dialetos portugueses e galegos (ainda que na Galiza se use preferencialmente nai, que tem origem em mai).
Sobre a origem latina não haverá dúvida – não se trata de provençalismos, nem de arabismos.
Apesar de no domínio occitânico, mais especificamente no gascão (sudoeste da frança), se registarem as formas pai e mai,1 é muito provável que estas formas tenham surgido de forma independente (cf.