Pergunta:
Embora encontre vários esclarecimentos no Ciberdúvidas sobre o uso dos comparativos mais bem e melhor – o primeiro sempre com a ligação a um adjetivo participial –, mantenho esta hesitação: «Ele é quem hoje mais bem escreve na imprensa portuguesa», ou tem de ser «Ele é hoje quem melhor escreve na imprensa portuguesa»?
Obrigado.
Resposta:
Com formas verbais finitas e com formas de infinitivo ou gerúndio, não se justifica «mais bem», ao contrário do que acontece com os particípios passados, tenham estes ou não uso adjetival. Deste modo, a forma correta é efetivamente «Ele é quem hoje melhor escreve na imprensa portuguesa», porque o verbo escrever ocorre num tempo finito (escreve corresponde à 3.ª pessoa do singular do presente do indicativo).
Recorde-se, portanto, que os comparativos dos advérbios bem e mal são geralmente melhor e pior numa construção comparativa:
(1) «Ela escreve os relatórios melhor/pior do que ele.»
O mesmo acontece quando bem e mal ocorrem em construções de superlativo relativo (de superioridade):
(2) «Ela é quem escreve melhor/pior os relatórios.»
Contudo, quando acompanham particípios passados, os comparativos de bem e mal são, respetivamente, mais bem e mais mal:
(3) «Estes relatórios foram mais bem/mais mal escritos do que aqueles.»
(4) «Lemos os relatórios mais bem/mais mal escritos de sempre.»
O exemplo (3) ilustra o caso em que o particípio passado faz parte de uma construção passiva. Em (4), o particípio passado ocorre adjetivalmente.
Obs. 1: Na história da gramática prescritiva, nem sempre tem havido consenso quanto ao uso sistemático de mais bem e