Pergunta:
O termo "hipospádias" (género masculino), ou "hipospádia" (género feminino) é frequentemente utilizado em Urologia.
Como apenas encontro registado o termo hipospadia (género feminino), qual é, de facto, a designação correta?
Resposta:
Do ponto de vista linguístico, recomenda-se a forma hipospadia, «anomalia congénita da posição do meato urinário que abre na face inferior do pénis ou mesmo no períneo»1, com acento tónico na sílaba -di- (soa "hipospadía"), porque é a que se regista sistematicamente como nome feminino em diferentes dicionários e vocabulários ortográficos2.
No entanto, existe margem de tolerância para variantes, como se assinala, por exemplo, no Dicionário Houaiss, a propósito do elemento de composição -spadia:
«[-spadia] pospositivo, do radical grego spad- + -ia (sufixo. formador de substantivos abstratos), tal radical é ampliação do radical. spa- do verbo spáō "retirar, extrair, arrastar; fig. engolir, devorar; dilacerar" ocorrente em spadiks, ikós "ramo arrancado", spadón, ónos "extração, espasmo", spádón, ontos "eunuco" (> português espadão "homem castrado"); a variação prosódica spadía/spádia certamente se deve à flutuação entre a prosódia grega e a latina; ocorre ainda a possibilidade de um -s final cuja presença é de difícil explicação visto que não parece estar necessariamente indicando o número plural; é igualmente de difícil explicação a oscilação de género masculino/feminino, parece razoável apontar-se o género feminino como o normal para todos os vocábulos formados com este elemento de composição; ocorre na terminologia médica do séc. XIX em diante: anaspadia, anaspádia, ...