Pergunta:
«Candidatos por eleger: 3» e «Candidatos para eleger: 3» têm o mesmo significado?
Ou seja, «Candidatos que serão/hão de ser (ou: devem/podem ser) eleitos: 3»?
Parece-me que as preposições por e para dentro de uma estrutura de SUBSTANTIVO + (POR/PARA) + INFINITIVO assume uma forma passiva do verbo, podendo ser antecedida ou não de um verbo modal.
Como não tenho certeza disso, trago tal raciocínio a vocês, pedindo-lhes o seu esclarecimento. Há um trecho duma música do Pe. Zezinho com semelhante estrutura:
1. «… Tarefa escolar para cumprir…» = … Tarefa escolar que deve ser cumprida…
Até mesmo Napoleão Mendes (que para mim não foi muito claro) traz alguns exemplos no seu dicionário:
2. «Casos para/por esclarecer» = Casos que serão/hão de ser esclarecidos
3. «Livros para/por consultar» = Livros que podem ser consultados.
Antecipadamente muito obrigado.
Resposta:
Neste caso, a opção por uma das preposições implica diferenças no sentido da construção.
Assim, na estrutura transcrita em (1), a preposição para expressa um valor de finalidade a atingir:
(1) «Candidatos para eleger»
A expressão em (1) será equivalente a
(2) «Candidatos que estão disponíveis para ser eleitos»
(3) «Candidatos que poderão vir a ser eleitos»
Já na estrutura transcrita em (2), a preposição por expressa o valor de «que ainda necessita ser feito»:
(4) «Candidatos por eleger»
Em (4) referem-se os candidatos que ainda não estão eleitos e que, eventualmente, alguém ainda irá eleger.
Os mesmos valores acima descritos estão associados às expressões aqui transcritas em (5) e (6):
(5) «Casos para esclarecer» («Casos que serão/hão de ser esclarecidos»)
(6) «Casos por esclarecer» («Casos que falta esclarecer»)
(7) «Livros para consultar» («Livros que podem ou devem ser consultados»)
(8) «Livros por consultar» («Livros que ainda não foram consultados/ que falta consultar»)
Disponha sempre!