Pergunta:
Apesar de ter procurado, não encontrei nenhuma pergunta anteriormente colocada que respondesse à minha questão.
Assim, peço que me informem sobre o tempo verbal mais correcto aquando da redacção de um estudo que será brevemente publicado que possui vários capítulos, em que uns remetem para a análise de dados recolhidos no passado (1) e outros tratam de apresentar os processos e os resultados atingidos com certas metodologias aplicadas no passado (2).
Ou seja, como opto correctamente pelo tempo verbal no presente ou no passado? Exemplos:
(1) «Ao analisarmos a variação da população entre os censos de 1981 e 2001 podemos distinguir dois grupos de freguesias distintos em termos de evolução: por um lado, um conjunto de freguesias onde se observou (OU OBSERVA) um ganho populacional entre 1981 e 1991, seguido de uma perda de população nos censos de 2001 (...)»;
(2) «os instrumentos que foram preenchidos pelas participantes criou-se um portfólio individual, que será entregue a cada uma, onde ficaram organizados todos os instrumentos que foram utilizados e que reflectem algumas das competências adquiridas ao longo da vida, bem como o Curriculum Vitae. Este currículo constitui um documento de utilização universal, que concretiza todo este processo de auto-reflexão e análise, e ao mesmo tempo que actua ao nível da auto-estima e motivação pessoal...»
Para além destas questões, gostaria ainda que respondessem se é adequado num mesmo capítulo referente, por exemplo, à apresentação de uma instituição que existe e são analisados dados actuais mas também passados e da sua evolução, utilizarmos diferentes tempos verbais.
Resposta:
1. Sequência (1)
Quando se trata da apresentação de uma leitura de dados acessíveis ao leitor, o tempo usado é o presente simples do indicativo. O presente simples é um tempo neutro no que toca à localização e aos limites temporais dos eventos e, portanto, adequado à elocução descritiva de uma situação disponível intemporalmente.
Sequência (2)
O primeiro segmento não está transcrito correctamente, o que limita a possibilidade de avaliar o enquadramento temporal que está em causa no discurso. De qualquer modo, parece certo que importa substituir ficararam por estão: por um lado, porque interessa optar pelo presente simples, pela razão apresentada acima; e, por outro, porque o valor resultativo, que o verbo ficar acarreta, não se reveste de particular pertinência, dado que, pelo menos aparentemente, não estamos em face de um relato de eventos.
2. Um mesmo enunciado e um mesmo bloco textual podem apresentar diferentes tempos verbais. Há é que saber gerir mecanismos de concordância temporal e explicitar, sempre que necessário, o(s) ponto(s) de referência temporal em causa.