Pergunta:
Nas respostas 21160 e 18289, a análise de estruturas iguais divergiu. Ainda questiono, em «Faz dois dias que não vejo TV», se o verbo fazer é impessoal por indicar tempo decorrido, «que não vejo TV» não poderia ser seu sujeito, logo o que não é conjunção integrante aqui. Por outro lado, se digo que tal que é pronome relativo de toda a sentença anterior («Faz dois dias»), sua única função sintática seria de adjunto adverbial de tempo, certo? Assim, por que não interpretar tal que como também como conjunção temporal? Seria ele expletivo? Ainda não sei a verdade sobre esse que!
Ajudem! Grato.
Resposta:
1. Que não é conjunção integrante, como diz.
2. Que não é pronome relativo. As orações relativas que têm como antecedente outra oração apresentam um carácter apositivo e constituem um comentário sobre a proposição encerrada na oração anterior. Nesse caso, antecede o pronome relativo uma expressão anafórica:
«Vi televisão durante 2 dias, o/coisa/situação que me deixou deprimida.»
3. Que não é conjunção temporal: o sentido de decurso temporal está a cargo do verbo fazer — daí o uso impessoal do verbo, como refere.
4. Expletivo: é, de entre as opções que põe em consideração, a classificação mais acertada. «Faz dois dias» é um adverbial de tempo focalizado e, como tal, deslocado para a esquerda; tem aí uma mera função de apoio estrutural à alteração canónica da ordem dos constituintes:
«Não vejo televisão faz dois dias» (ordem natural dos constituintes).
«Faz dois dias que não vejo televisão» (ordem dos constituintes que serve a atribuição de foco).
Marcia dos Santos Machado Vieira (da Universidade Federal do Rio de Janeiro) classifica-o como um conector.
(Consultar: http://www.filologia.org.br/xcnlf/15/14.htm)
N. E.: A pergunta 21160 foi, entretanto, reformulada.