Ana Martins - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Ana Martins
Ana Martins
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Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas – Estudos Portugueses, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e licenciada em Línguas Modernas – Estudos Anglo-Americanos, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Mestra e doutora em Linguística Portuguesa, desenvolveu projeto de pós-doutoramento em aquisição de L2 dedicado ao estudo de processos de retextualização para fins de produção de materiais de ensino em PL2 – tais como  A Textualização da Viagem: Relato vs. Enunciação, Uma Abordagem Enunciativa (2010), Gramática Aplicada - Língua Portuguesa – 3.º Ciclo do Ensino Básico (2011) e de versões adaptadas de clássicos da literatura portuguesa para aprendentes de Português-Língua Estrangeira.Também é autora de adaptações de obras literárias portuguesas para estrangeiros: Amor de Perdição, PeregrinaçãoA Cidade e as Serras. É ainda autora da coleção Contos com Nível, um conjunto de volumes de contos originais, cada um destinado a um nível de proficiência. Consultora do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa e responsável da Ciberescola da Língua Portuguesa

 
Textos publicados pela autora

Suspendi o juízo sobre se o Acordo Ortográfico serve bem ou mal a expansão do português e fui ver o que nas cartas ao editor, nos comentários a artigos online e nos blogues se diz sobre o tema.

Encontrei um dizer dominante: assinou-se o Acordo só pelo negócio, uma motivação aviltante e ignóbil, que atinge irreparavelmente valores e princípios.

É bem possível que o mandarim venha a ser a língua franca. Neste momento, esse estatuto é ainda do inglês, por via do domínio económico, científico e cultural dos EUA, ao longo do século XX. Há muito que se reconhece que um bom domínio do inglês é uma competência básica do desempenho profissional e que essa competência não concorre em nada com o bem falar e o bem escrever (n)a língua materna.

Está para breve o arranque do Europeu, e os relatos e os comentários sobre futebol vão ter máximo lugar de honra nas rádios e nas televisões. Veremos e ouviremos os jogadores a «recepcionar bem bola» ou a «temporizar bem», em excelente exercício de «triangulação» e trabalho de «entrosamento», em espectaculares «produções ofensivas»...

O Instituto de Linguística Teórica e Computacional celebra, no próximo mês, 20 anos de existência, promovendo o encontro Discurso, Diversidade e Literacia: a língua portuguesa no século XXI, para o qual são chamados linguistas e não linguistas. Estarão em análise os reflexos da rápida e contínua mudança tecnológica no uso da língua, potenciando a emergência de novas formas de literacia.

O tema é pertinente.

Chama-se palimpsesto ao pergaminho manuscrito que, na Idade Média, era raspado para se poder voltar a escrever nele. Reciclagem à moda antiga.

Por associação de ideias, palimpsesto é um termo usado para explicar que, muitas vezes, um discurso entra em diálogo com outros discursos, dizeres ou vozes, de outros tempos e lugares, cumprindo novos propósitos comunicativos. Por debaixo de um enunciado há outro enunciado. Interpretar um texto é, então, dar conta de como outros dizeres aí ressoam.