Da importância e das consequências da troca de tempos verbais — um artigo de Ana Martins no Sol.
Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas – Estudos Portugueses, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e licenciada em Línguas Modernas – Estudos Anglo-Americanos, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Mestra e doutora em Linguística Portuguesa, desenvolveu projeto de pós-doutoramento em aquisição de L2 dedicado ao estudo de processos de retextualização para fins de produção de materiais de ensino em PL2 – tais como A Textualização da Viagem: Relato vs. Enunciação, Uma Abordagem Enunciativa (2010), Gramática Aplicada - Língua Portuguesa – 3.º Ciclo do Ensino Básico (2011) e de versões adaptadas de clássicos da literatura portuguesa para aprendentes de Português-Língua Estrangeira.Também é autora de adaptações de obras literárias portuguesas para estrangeiros: Amor de Perdição, Peregrinação, A Cidade e as Serras. É ainda autora da coleção Contos com Nível, um conjunto de volumes de contos originais, cada um destinado a um nível de proficiência. Consultora do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa e responsável da Ciberescola da Língua Portuguesa.
Da importância e das consequências da troca de tempos verbais — um artigo de Ana Martins no Sol.
Com a revisão de Setembro de 2007 da TLEBS, verificou-se o desaparecimento de algumas classes de quantificadores: indefinidos, relativos e interrogativos. Verifiquei, igualmente, que surgiram os quantificadores existenciais. Para além disso, surgiram os determinantes indefinidos e desapareceram os quantificadores indefinidos. Poder-me-ão ajudar?
Fico antecipadamente grata pelo esclarecimento.
1. A versão revista da TLEBS (que o Ministério da Educação rebaptizou de Dicionário Terminológico) está em linha desde Janeiro de 2008 e, em princípio, em vigor.
2. Comparando, no que toca aos quantificadores, a TLEBS 2001 (divulgada em CD) com a TLEBS/Dicionário Terminológico 2008, é possível verificar que:
3. Esta foi uma correcção válida. Percebe-se isso se atendermos à definição geral de determinante e de quantificador:
— o determinante indica se há ou não há identificação da entidade designada pelo nome (no caso do determinante indefinido, não há);
— o quantificador diz respeito à quantidade (imprecisa ou relativa a um valor de referência, no caso do quantificador existencial) ou à totalidade dos elementos de um conjun...
Como analisariam sintacticamente a frase «Ela envolveu-se numa guerra com a mãe»?
Ela — sujeito
envolveu-se — predicado verbal
numa guerra — complemento directo
Com a mãe — ????????
Supostamente seria complemento circunstancial de companhia, mas neste caso não possui lógica tê-lo, pois, se se envolveu numa guerra com a mãe, a mãe não seria "boa companhia".
Como resolveriam esta situação?
Agradeço a atenção dispensada.
1. Comparemos as construções do grupo A com as do grupo B:
Desta confrontação é possível afirmar que o verbo envolver-se funciona como verbo-suporte, tal como dar, fazer, pôr, ter, tirar, nos exemplos acima.
O verbo-suporte caracteriza-se por apresentar um conteúdo semântico t{#é|ê}nue (alguns autores falam de «esvaziamento semântico») e mantêm as propriedades de flexão e de concordância. O nome que se lhe segue não integra nenhum complemento do verbo, antes forma com ele um predicado complexo.
2. «com a mãe» é complemento oblíquo: é um constituinte exigido pelo verbo, realizado por um sintagma preposicional que não é substituível por lhe(s) (fa{#c|}tor que o distingue do complemento indire{#c|}to).
3. A classificação complemento circunstancial foi abandonada pela TLEBS/Dicionário Terminológico justamente porque se trata de uma classificação insuficiente: não distingue os constituintes do predicado que são obrigatórios dos que são opcionais. Acresce que a subclassificação dos complementos circunstanciais é uma classificação semântica e uma interpretação mais apressada pode induzir em erro. Note-se, a propósito, que, em «com a mãe», a preposição com pode comutar com contra, ...
Aqui no Brasil observo o uso do sufixo -ório quando o dicionário prevê o uso de -dor. Exemplo: "fiscalizatório" por fiscalizador. Existe uma regra para este uso, ou é válido apenas o que se encontra no dicionário?
1. No que toca aos processos de formação de palavras na língua, não há regras, há tendências e regularidades (ver «Textos relacionados»). Nesta medida, os dicionários consagram as formas vigentes numa dada sincronia (período, fase tomada para descrição da língua).
2. Os dicionários consultados (da Porto Editora; Priberam; Novo Dicionário da Língua Portuguesa, da Verbo) registam apenas fiscalizador, mas não "fiscalizatório". O Dicionário Houaiss não regista nem fiscalizador nem "fiscalizatório".
Existe algum verbo que derive do nome consecução, ou apenas o verbo conseguir lhe corresponde?
Consecução deriva de conseguir. Em latim: de cōnsecūtus, particípio do verbo cōnsequī, formou-se consecūtĭō.
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