A. Tavares Louro - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
A. Tavares Louro
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Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas — Estudos Portugueses e Franceses pela Faculdade de Letras de Lisboa. Professor de Português.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Quais são os verbos transitivos e intransitivos nestas frases?

Frase A — «O gigante Adamastor primeiro assustou os navegadores mas depois partiu em lágrimas.»
Frase B — «No fim da tormenta, Vasco da Gama respirou profundamente e todos agradecerem a Deus.»

Resposta:

Frase A — «O gigante Adamastor primeiro assustou os navegadores mas depois partiu em lágrimas.»

«O Adamastor» é o sujeito ou agente do verbo assustar.

«Os navegadores» constituem o complemento objecto directo.

O verbo assustar é, portanto, transitivo directo.

«(O Adamastor) partiu em lágrimas»

O verbo partir é intransitivo, porque não é seguido de complemento directo ou indirecto.

Na frase «O João partiu o vidro», o verbo partir é transitivo porque a acão foi exercida sobre o vidro.

Frase B — «No fim da tormenta, Vasco da Gama respirou profundamente e todos agradeceram a Deus.»

Na primeira oração, «Vasco da Gama» é o sujeito ou agente do verbo respirar. Como não há complemento objecto directo nem indirecto, o verbo é intransitivo.

Na segunda oração, «todos» é o sujeito ou agente do verbo agradecer. E «a Deus» é o complemento objecto indirecto. Assim, o verbo agradecer apresenta-se como transitivo indirecto.

Pergunta:

Preciso saber o significado dos provérbios:

«Em lago de piranha, jacaré nada de costas.»

«Laranja madura na beira da estrada está azeda ou tem marimbondo.»

«Não se dependura boné aonde a mão não alcança.»

 

Resposta:

Propostas para os significados pedidos.

1 — «Em lago de piranha, jacaré nada de costas.»

Quando há perigo, os cuidados devem ser redobrados (o dorso do jacaré é muito rijo, defendendo-o de dentadas de predadores).

2 — «Laranja madura na beira da estrada ou está azeda ou tem marimbondo.»

Quando o pobre come frango, um deles está doente.

Aquilo que é gratuito raramente tem qualidade.

3 — «Não se dependura o boné aonde a mão não chega.»

Não devemos dar o passo maior do que a perna.

Não podemos chegar aonde as nossas forças não nos puderem levar.

Cf. Sobre a evolução semântica do lexema “marimbondo”

Pergunta:

Como se classificam, quanto ao número de sílabas e quanto à acentuação, palavras como guarda-chuva e retirá-lo?

Resposta:

No perspectiva da terminologia tradicional, a palavra guarda-chuva é composta por justaposição. Em relação à acentuação destas palavras, cada um dos elementos mantém o seu acento próprio. O elemento guarda é grave e tem três sílabas, mas, para efeito de translineação, não devemos separar o conjunto "guar". O elemento chuva tem duas sílabas e é grave. Para efeito de translineação, devemos preferir a separação já feita pelo hífen.

A palavra retirá-lo é uma forma da conjugação pronominal do verbo retirar, também composta por dois elementos: a forma verbal  trissilábica e aguda retirá- e o pronome pessoal enclítico. Note-se que este último é átono e, por isso, está sujeito ao acento fónico da palavra a que está ligado.

Pergunta:

Gostaria de saber se o diminutivo de pêssego é pesseguinho ou pessegozinho.

Obrigada.

 

Resposta:

Os diminutivos de pêssego são pesseguinho, pesseguito, pessegozinho e pessegozito. Com sentido depreciativo, poderemos dizer pessegozeco.

Pergunta:

Eu gostaria de saber quando eu uso tão e quando eu uso tanto. Por exemplo: «Eu sei tanto do assunto quanto você.» Por que eu não uso «Eu sei tão do assunto quanto você»? Essa é a minha dúvida.

Espero uma breve resposta.

Resposta:

O advérbio tão usa-se com adjectivos e advérbios: «Ele é tão alto como o pai.» «Ele canta tão mal!» Tanto ocorre como determinante («tanta gente!») e pronome («não quero tanto!»). Na frase «Eu sei tanto do assunto como você», a expressão «tanto de» tem sentido partitivo em relação ao substantivo assunto.