A. Tavares Louro - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
A. Tavares Louro
A. Tavares Louro
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Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas — Estudos Portugueses e Franceses pela Faculdade de Letras de Lisboa. Professor de Português.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Nas igrejas, o ato de dar o dízimo é "dizimar"?

Tenho dúvidas, porque penso que dizimar é destruir, acabar, aniquilar, etc.

Por favor, esclareça-nos, pois meu amigo acha que está certo, e eu acho que está errado...

Desde já, agradeço.

Resposta:

Só como arcaísmo é que dizimar significa «cobrar a dízima», segundo o Dicionário Houaiss. O verbo dizimar significa geralmente «matar um em cada dez soldados vencidos para quebrar o ânimo aos sobreviventes; assolar; destruir».

O substantivo dízima significa «décima parte; contribuição pública equivalente à décima parte do rendimento». Também o substantivo dízimo significa «décima parte; contribuição que se entrega a uma entidade religiosa».

No que respeita a «entregar o dízimo», poderemos dizer também «dar ou pagar o dízimo» ou outra expressão equivalente.

Pergunta:

Gostaria de saber o antônimo de efetivo.

Tenho de inserir uma frase em um documento, mas estou em dúvida: «Os controles, quando não estiverem corretos, serão classificados como inefetivos.»

E também: "inefetividade" é o antônimo de efetividadde?

Resposta:

De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa, editado pela Sociedade da Língua Portuguesa, da autoria de José Pedro Machado, inefectivo é aquele ou aquilo que não tem efeito.

Assim como inefectivo é o antónimo de efectivo, também inefectividade é antónimo de efectividade.

Pergunta:

Por favor, gostaria de saber qual é o grau aumentativo dos seguintes substantivos: cabeça, cão, mulher, mamão, rocha e vidro.

Obrigada.

Resposta:

Os aumentativos são usados sobretudo em relação ao ser humano, bem como aos seres e aos objectos que estão próximos, visto que, muito frequentemente, os aumentativos possuem uma carga subjectiva.

Cabeça tem como aumentativo cabeçorra, cão tem como aumentativo canzarrão, e mulher tem, por exemplo, como aumentativos mulheraça e mulherão.

Como os frutos possuem normalmente tamanhos aproximados, não será fácil surgir o aumentativo. No entanto, mamão poderá ter como aumentativo mamãozão.

Em relação às palavras rocha e vidro, deveremos usar aumentativos analíticos com adjectivos adequados a cada caso particular. Exemplos: «Uma rocha enorme», «um vidro grossíssimo», etc.1

1 Em Portugal, usa-se o antigo aumentativo vidrão para designar um contentor para recolha de objectos de vidro inutilizados.

Pergunta:

Qual é a origem da expressão «copo de três»?

Resposta:

Nos nossos dias, já não se servem copos de três porque estão fora de moda.

Este tipo de copos deve estar relacionado com três modelos:

Tipo 1, com a capacidade de 100 centímetros cúbicos;

tipo 2, com a capacidade de 140 centímetros cúbicos;

tipo 3, com a capacidade de 180 centímetros cúbicos.

O copo de três servia vinho que era bebido normalmente no intervalo das refeições sem acompanhamento ou acompanhando alguns petiscos ou tapas.

Pergunta:

Quais são os verbos transitivos e intransitivos nestas frases?

Frase A — «O gigante Adamastor primeiro assustou os navegadores mas depois partiu em lágrimas.»
Frase B — «No fim da tormenta, Vasco da Gama respirou profundamente e todos agradecerem a Deus.»

Resposta:

Frase A — «O gigante Adamastor primeiro assustou os navegadores mas depois partiu em lágrimas.»

«O Adamastor» é o sujeito ou agente do verbo assustar.

«Os navegadores» constituem o complemento objecto directo.

O verbo assustar é, portanto, transitivo directo.

«(O Adamastor) partiu em lágrimas»

O verbo partir é intransitivo, porque não é seguido de complemento directo ou indirecto.

Na frase «O João partiu o vidro», o verbo partir é transitivo porque a acão foi exercida sobre o vidro.

Frase B — «No fim da tormenta, Vasco da Gama respirou profundamente e todos agradeceram a Deus.»

Na primeira oração, «Vasco da Gama» é o sujeito ou agente do verbo respirar. Como não há complemento objecto directo nem indirecto, o verbo é intransitivo.

Na segunda oração, «todos» é o sujeito ou agente do verbo agradecer. E «a Deus» é o complemento objecto indirecto. Assim, o verbo agradecer apresenta-se como transitivo indirecto.