A. Tavares Louro - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
A. Tavares Louro
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Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas — Estudos Portugueses e Franceses pela Faculdade de Letras de Lisboa. Professor de Português.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Na frase «A Joana chegou mais cedo do que o costume», a palavra cedo é um adjectivo, ou um advérbio?

Resposta:

1 — A palavra cedo é invariável em género e número. Não está relacionada com nenhum nome (ou substantivo). Por estas razões, não pode ser classificada como adjectivo.

2 — Como a palavra cedo está relacionada com o verbo chegar e aumenta a informação sobre este verbo, devemos considerar cedo como advérbio (palavra que se junta ao verbo).

Pergunta:

Gostaria de saber o significado de «Uma mulher e peras!», «Um negócio e peras!».

Obrigado.

Resposta:

Na língua portuguesa, o sentido do gosto gerou várias expressões idiomáticas. O verbo gostar seguido da preposição de tem uma aplicação muito ampla porque tanto gostamos de lagosta como de uns sapatos que nos ficam bem.

É esta influência do gosto que se revela também nos alimentos como as peras que comemos como sobremesa.

Ao dizermos «Ela é uma mulher e peras»,  estamos a fazer uma comparação de uma pessoa que nos agrada e uma rica refeição que inclui uma boa sobremesa. De igual modo, «Um negócio e peras» é uma comparação de um negócio favorável com uma boa refeição.

São, portanto, metáforas relacionadas com o sabor agradável, que é usado como termo de comparação.

Pergunta:

O superlativo absoluto sintético da palavra pródigo pode ser "prodiguíssimo"? Não encontro outra forma possível.

Agradecida pela resposta.

Resposta:

Prodiguíssimo é a forma clássica do superlativo absoluto sintético.

Como o adjectivo pródigo é muito rico sob o ponto de vista semântico, surge frequentemente em formas analíticas. Exemplos:

«Ele foi excessivamente pródigo.»

«Ele foi absurdamente pródigo.»

«Ele foi inesperadamente pródigo em carícias aos netos.»

Pergunta:

Como fica o adjectivo risonho no grau superlativo absoluto sintético?

Resposta:

Em teoria, seria "risonhíssimo". Mas o adjectivo risonho é frequentemente acompanhado por advérbios e locuções adverbiais que lhe dão várias graduações.

Exemplos.

«Ele é pouco risonho.»

«Ele é um tanto risonho.»

«Ele é bastante risonho.»

Estamos perante uma situação de ordem pragmática e, como vemos, as formas analíticas são as preferidas.

Pergunta:

Recorro aos vossos serviços no sentido de me auxiliarem com uma dificuldade com que me deparei hoje mesmo. Na semana passada fui pai, e desloquei-me, hoje, a uma conservatória de registo civil para proceder ao registo de nascimento da minha filha. A minha esposa pretende dar o nome da avó à nossa filha, ou seja, Edith, tal e qual o original. O funcionário informou-me de que não era possível, por não ser português, e que teria de ser Edite, apesar de a avó da minha esposa ser portuguesa por inteiro, sem qualquer relação com outras nacionalidades.

Entretanto, regressei a casa para discutir o assunto em conjunto com a minha esposa, e decidimos pesquisar na Net o nome. Descobri que existem n "Ediths", mas também descobri que Edite é uma adaptação italiana, que por sua vez nós adoptamos. Pois bem, agradecia um esclarecimento da vossa parte, caso exista!

Desde já agradecemos a vossa disponibilidade para connosco.

Resposta:

Os indivíduos nascidos em Portugal e filhos de pais portugueses só podem ser registados com os nomes constantes numa lista existente nos serviços de Registo Civil. O nome Edite faz parte dessa lista.

Por esse motivo, uma criança não poderá ser registada com o nome Edith, porque esta grafia está relacionada ou com a ortografia portuguesa anterior a 1911 ou com a ortografia da língua inglesa e não consta da lista anteriormente referida.