A. Tavares Louro - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
A. Tavares Louro
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Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas — Estudos Portugueses e Franceses pela Faculdade de Letras de Lisboa. Professor de Português.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Gostaria de saber a definição absoluta da expressão «boa tarde». No Sul do País, as pessoas consideram como boa tarde o período após o almoço; então se almoço às 17 horas, estas pessoas consideram como bom dia o período antes desta hora. Está correto o uso do «boa tarde» pelas pessoas do Sul do País?

Obrigado.

Resposta:

Em Portugal, é tradicional considerarmos a manhã como o período que vai da aurora ao meio-dia, e a tarde como o período que vai do meio-dia ao pôr-do-sol. E a noite, depois do pôr-do-sol, até à aurora.

Devemos notar que a hora oficial está avançada, no Inverno, trinta e sete minutos, e, no Verão, uma hora e trinta e sete minutos, em relação à hora solar.

Contudo, para muitas pessoas, a hora de almoço é que separa a manhã da tarde. Por brincadeira, depois do meio-dia oficial, algumas pessoas dizem: «Boa tarde? Não! Porque eu ainda não almocei!»

Por conseguinte, é plausível pensar que, no Brasil, se alguém não tiver ainda almoçado às 17 horas, por certo, ironizará sobre o seu apetite forçado.

Pergunta:

Existe a palavra "militantismo" em língua portuguesa? O meu dicionário não a regista. Caso exista, qual a diferença em relação a "militância"?

Obrigada.

Resposta:

A palavra militância provém do vocábulo latino militans, militantis e significa «actividade de uma pessoa como membro de um partido ou de uma organização».

Militantismo é um neologismo que significa «atitude ou comportamento de uma pessoa que luta por uma causa».

Estas definições encontram-se registadas no Dicionário da Língua Portuguesa Contêmporânea — Academia das Ciências de Lisboa — Editora Verbo.

Pergunta:

Quais as regras do emprego das letras p e b na ortografia?

Resposta:

A língua portuguesa possui três consoantes bilabiais: b, m e p.

As consoantes b e p são momentâneas (ou oclusivas) e a consoante m é momentânea (ou oclusiva) e nasal.

A consoante b é sonora, porque as cordas vocais estão abertas no momento da articulação. A consoante p, é surda porque as cordas vocais estão fechadas no momento da articulação.

Já os latinos se tinham apercebido de que as consoantes b e p tinham o mesmo ponto de articulação que a letra m. Mantendo as regras da ortografia latina, na ortografia portuguesa, b e p devem ser antecedidas por m quando a vogal anterior for nasal. Exemplos: embalar, bomba, completar, império, etc.

Pergunta:

Existe, em português, o feminino da palavra emir? Será "emira" aceitável?

Obrigado.

Resposta:

Dado que emir é a forma masculina usada frequentemente na língua portuguesa, é admissível a palavra "emira" como forma feminina correspondente. Se usarmos a forma erudita e preferível para o masculino amir, então poderemos usar "amira" para o feminino, porque corresponde à realização fonética na língua árabe.

Pergunta:

Gostaria de saber que diferença existe entre as palavras cargo, função e posição. Por exemplo, a palavra cargo é uma expressão usada para posições profissionais na função pública? — Ex.: «cargo de ministro das Finanças» — Ou também pode ser usada em empresas privadas? — Ex.: «cargo de director-geral». Será que seria mais adequado usar-se a expressão função no caso de uma empresa privada? — Ex.: «exercer a função de director clínico da empresa.»

Agradeço esclarecimento.

Resposta:

A palavra cargo está relacionada com a responsabilidade de cada indivíduo.

«Cargo público» é o conjunto de atribuições de um funcionário público.

Em relação às empresas, também podemos dizer que A tem o cargo de director, B tem o cargo de tesoureiro, etc.

A palavra função põe em evidência a actividade exercida. Por isso, poderemos dizer que A exerce a função de director-geral, B exerce a função de tesoureiro, etc.

A palavra posição está relacionada com o organograma de um serviço público ou de uma empresa. Corresponde ao aspecto exterior e à interligação dos funcionários públicos entre si ou dos directores e outros trabalhadores de uma empresa.

As palavras cargo, função e posição são, portanto, usadas quer em relação aos serviços públicos quer em relação às empresas.