A palavra moçárabe é usada como adjetivo ou como substantivo para descrever os cristãos que viveram nas terras da Península Ibérica conquistadas e governadas pelos muçulmanos, num período que se prolongou entre os séculos VIII e XV. Estes cristãos sofreram a influência da língua muçulmana e da cultura árabes, ainda que muitos tenham mantido a religião cristã e outros elementos da sua cultura ou da sua organização social e política. O termo moçárabe usa-se ainda, numa perspetiva linguística, para referir o grupo dos dialetos românicos que eram falados pelos moçárabes.
Do ponto de vista etimológico, a palavra moçárabe deriva do particípio árabe musta’rab ou musta’rib, que significa «submetido aos árabes, arabizado, tornado árabe». Moçárabe aplica-se ainda à missa, ao rito ou à liturgia que usaram os moçárabes. O termo terá entrado no português através do espanhol mozárabe, forma que tem registo em 1115. Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a palavra terá entrado tardiamente no português, tendo registo em 1642 com a forma muçarabe.
Áudio disponível aqui:
[AUDIO: Carla Marques_Moçarabe]
Nas imagens, "Elefante e castelo", fresco proveniente da ermida moçárabe de São Baudélio de Berlanga (Sória, Espanha) e em exposição na sala de pintura românica do Museu do Prado, em Madrid, e arco con arabescos na Alhambra (Granada, Espanha).
Apontamento incluído no programa Páginas de Português, na Antena 2, no dia 17 de dezembro de 2023.