Não podia ser mais assertivo o treinador português José Mourinho, na entrevista que concedeu ao cardeal José Tolentino de Mendonça, para o jornal L'Osservatore Romano, sobre a guerra na Ucrânia. Duplamente certeiro: sobre ela, em concreto («Creio que a guerra na Ucrânia é um fracasso humano antes de o ser político. É um fracasso brutal, é a perda de princípios ou o não desenvolvimento dos mesmos, é a evolução do pensamento na direção errada. É algo difícil de explicar. É um fracasso a todos os níveis da humanidade: é o nosso fracasso»; e quanto ao apropriado qualificativo usado («fracasso humano»).
É verdade que Mourinho faz a diferença no meio futebolístico também pelo bom uso da sua própria língua — ele que até fala, e bem, espanhol, inglês e italiano. Está visto que também se destaca como referência para os que, no espaço mediático, ainda não aprenderam a diferença no emprego dos adjetivos humano e humanitário.’
’ «No Angelus em Malta, Papa recorda tragédia humanitária na Ucrânia», «Crise humanitária: guerra na Ucrânia gerou 4 milhões de refugiados», «Ucrânia: ONU preocupada com maior crise humanitária desde a II Guerra Mundial». Quem escreveu assim, pode aprender com José Mourinho que uma desgraça, uma tragédia ou uma crise, seja ela qual for e onde for, nunca podem ser consideradas «em prol da humanidade» (que é o que significa humanitário)...