O nosso idioma // Desafio semanal
Fazer aquilo de que gosta
Relativa sem antecedente com preposição
As orações relativas podem ser introduzidas pelo pronome demonstrativo invariável o, como se verifica numa frase como «Ele faz o que quer.» Não obstante, há situações em que este pronome não pode ocorrer com o pronome relativo. Vejamos o caso das frases simples: «O rapaz é meu amigo» e «Eu gosto do rapaz». Se as quisermos converter numa frase composta, a oração relativa terá de ser introduzida pela preposição de, que é pedida pelo verbo gostar, ficando com a seguinte estrutura: «O rapaz de que gosto é meu amigo.»
Todavia, quando a oração relativa é iniciada pela sequência «o que» e inclui um verbo que pede preposição, como o verbo gostar, há que ter atenção à sua construção porque uma frase como «*Ele faz o que gosta» é incorreta. A incorreção deve-se ao facto de a preposição de estar em falta. Não obstante, também não é correta a frase «*Ele faz o de que gosta», porque pronome demonstrativo o não é compatível com preposição de. Por esta razão, nestes casos, o pronome invariável o tem de ser substituído pelo pronome demonstrativo invariável aquilo, que, este sim, é compatível com preposição. A frase correta deverá ter, assim, a forma «Ele faz aquilo de que gosta».
Áudio disponível aqui:
[AUDIO: Carla Marques_O de que]
Apontamento da professora Carla Marques incluído no programa Páginas de Português, na Antena 2, no dia 27 de abril de 2025.
