As orações relativas podem ser introduzidas pelo pronome demonstrativo invariável o, como se verifica numa frase como «Ele faz o que quer.» Não obstante, há situações em que este pronome não pode ocorrer com o pronome relativo. Vejamos o caso das frases simples: «O rapaz é meu amigo» e «Eu gosto do rapaz». Se as quisermos converter numa frase composta, a oração relativa terá de ser introduzida pela preposição de, que é pedida pelo verbo gostar, ficando com a seguinte estrutura: «O rapaz de que gosto é meu amigo.»
Todavia, quando a oração relativa é iniciada pela sequência «o que» e inclui um verbo que pede preposição, como o verbo gostar, há que ter atenção à sua construção porque uma frase como «*Ele faz o que gosta» é incorreta. A incorreção deve-se ao facto de a preposição de estar em falta. Não obstante, também não é correta a frase «*Ele faz o de que gosta», porque pronome demonstrativo o não é compatível com preposição de. Por esta razão, nestes casos, o pronome invariável o tem de ser substituído pelo pronome demonstrativo invariável aquilo, que, este sim, é compatível com preposição. A frase correta deverá ter, assim, a forma «Ele faz aquilo de que gosta».
Áudio disponível aqui:
[AUDIO: Carla Marques_O de que]
Apontamento incluído no programa Páginas de Português, na Antena 2, no dia 27 de abril de 2025.