« (...) Nesses tempos sombrios, resistir passou a ser uma necessidade e uma luta diárias.(...) »

Nas festas de final do ano, em diferentes línguas e culturas ao redor do mundo, especialmente para os cristãos, é comum as pessoas trocarem mensagens com votos de felizes festas e com desejos de bons augúrios para o novo ano que está para chegar. Na grande comunidade lusófona não é diferente, e já desde o início do mês de dezembro palavras de afeto, de apreço e desejos de felicidade são trocadas por familiares, amigos e conhecidos.  Esta é uma forma de tornar vívidas as nossas tradições de final de ano e que são verdadeiros presentes do Papai Noel ou do Pai Natal.

No ano de 2020, sobretudo devido à pandemia do COVID-19, fomos tomados por sentimentos de tristeza e de apreensão e, por isso, desejar a esperança e a felicidade se tornou uma tarefa urgente. No final de 2020, a palavra saudade, tão especial e única em português, resumiu o nosso sentimento de não podermos estar com as pessoas que amamos, de nos privarmos dos abraços e do contato físico com parentes e amigos.  No entanto, em meio a tantas incertezas e apreensões, precisamos renovar as forças e vibrar por um 2021 mais leve e com saúde para todos. Assim, elejo algumas palavras.

Esperança. Quando a evocamos, não estamos querendo dizer “espera”, mas sim fé, desejo de que o que almejamos ou precisamos há de vir, há de chegar. Depois de um ano tão difícil, desejamos a vacina, a alegria de volta, os abraços, os empregos, a ebulição da vida social. É a esperança que não nos deixa desistir.

Resistência. Nesses tempos sombrios, resistir passou a ser uma necessidade e uma luta diárias. Precisamos resistir contra governos fascistas e que abandonam seu povo à própria sorte, contra os interesses do capital, que empurram parte da população mundial à não existência, contra todas as formas de preconceito, racismo e opressão.  Resistir e lutar pela justiça social global é um dever de todos nós.

Gratidão.  Não precisamos olhar para o futuro e nem tampouco para o passado. Agradecer ao presente é celebrar que estamos vivos e com saúde, quando tantos não tiveram a mesma sorte.  E para celebrar a gratidão, termino com um trecho da canção Anjos Secretos , do brasileiro Francis Hime e do fadista Jorge Fernando, que foi gravada por 30 artistas lusófonos, em homenagem aos profissionais de saúde do todo o mundo.

(...)
A bata branca em segredo
Sem medo do que há-de vir
Entre o contágio e o medo
Sem medo de desistir

Sem contar horas, despertos
À luz duns deuses ocultos
Os nossos anjos secretos
São simples nomes e vultos

Sem rosto, cor ou idade
Num servir que é permanente
Que a gratidão de verdade
É pra quem cuida da gente
(...)

[AUDIO: Edleise Mendes – As palavras para 2021 – PaginasPortugues9jan2021]