Controvérsias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Polémicas em torno de questões linguísticas.

O facto de presidenta ser o feminino de presidente não quer dizer que nos vejamos obrigados a empregar a forma feminina. Cada um fará como lhe agradar. E não é por os dicionários registarem presidenta que nos veremos obrigados a empregar tal palavra. Lembremo-nos, até, do seguinte: Há muitas e muitas formas femininas que os dicionários não mencionam: professora, advogada, aluna, empregada, enfermeira, etc.

Por Mário César Borges d´Abreu

Vivi em Angola até 1955 e quem faz a língua é o povo... Sempre ouvi (rádio) e vi escrito em todas as publicações angolanas (jornais, revistas, livros, etc.) imbondeiro, tal como Ana Paula Almeida (cf. Embondeiro, in Respostas Anteriores). Autóctones e não autóctones, todos escreviam e diziam imbondeiro.

O facto de eu afirmar que a grafia oficial é embondeiro, justificada pelo notável foneticista Gonçalves Viana pela sua origem africana, não quer dizer que não haja dicionarizada a variante imbondeiro (p.ex., de facto, na "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira"). Embora respeite muito a grande competência do professor e poliglota Artur Bivar, neste ponto vale mais para mim a de Gonçalves Viana, o maior linguista português até a data. Para contrapor ao "D...

1- É claro que podemos formar várias palavras como gentílicos de Torres Vedras: torreenses, torrienses, torrianos, torresãos, etc. Mas o que interessa é outra coisa: é ver qual a forma preferível. Para isso não é preciso comentar, discorrer e tomar posição, porque temos uma ortografia que foi estabelecida em 1945. Basta, pois, consultar um dicionário - todos eles, a partir daquela data, registam as palavras seguindo essa ortografia. Vemos, pois, que esse gentílico se deve escrever assi...

(…) Designando os naturais de Torres Vedras podemos escrever torreenses, torrienses, torrianos, torresãos, e ainda outras formas gentílicas que queiramos adoptar. Todas elas estão correctas, e, para cada uma, haverá argumentos que validam o respectivo critério de adopção.

Ponto prévio: Ciberdúvidas não ministra cursos universitários, daqueles em que se descreve academicamente a história da língua e se divaga sobre as ramificações da sociolinguística. O que se propõe é bem mais simples. Se calhar, até mais difícil: ajudar a resolver as dúvidas que se colocam ao comum dos lusofalantes, do ponto de vista da ortografia, da sintaxe ou da simples pronúncia.

Em "A língua muda toda de 50 em 50 anos?", João Carreira Bom (JCB) destempera, em verdadeiro auto-de-fé que não lembraria ao Diabo. Parece que ficou melindrado por uma citação que eu fizera de Vasco Botelho de Amaral, antiga prata da casa e antepassado do Ciberdúvidas.

A controvérsia à volta da equivalência do bilião levou-nos a procurar estabelecer uma espécie de ponto da situação. No Brasil bilhão, no português europeu bilião têm, de facto, modernamente significado diferente do antigo. Quando eu andava no liceu (já lá vão 60 anos!), o termo queria dizer 'mil milhões' (1 000 000 000), como o francês milliard. Na Alemanha, Espanha e Inglaterra, o ter...

Segundo ensinam as boas gramáticas (que são pouquíssimas…), os nomes terminados em -al fazem o plural em -ais, excepto mal (pl. males, a moeda real (pl. réis) e cal, pois de acordo com alguns pode ter como plural cales e cais.

Surge agora a dúvida quanto a aval. Embora Cândido de Figueiredo e a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira dêem o plural avales, julgamos tratar-se de francesismo desnecessário este plural (em francês é avals).

Como já aqui defendi (cf. Aval, in Respostas Anteriores), a palavra aval provém do francês "aval", cujo plural é "avals". Eis uma justificação, embora de não muito valor, para o plural avales.

Nem todas as palavras terminadas em -al fazem o plural em -ais como é o caso, por exemplo, de mal, males.

Entretanto, há mel, que, além do plural méis, possui também o plural meles. E fel faz no plural feles. O melhor é deixar, pois, passar o tempo, até que o uso escolha uma das formas: avales ou avais.