Pepetela, Mia Couto, José Eduardo Agualusa, Germano Almeida — falharam os nomes sonantes das literaturas africanas convidados pela Assembleia da República para participarem no debate. Em contrapartida, compareceram vários linguistas e numerosos representantes de associações de defesa da língua, e outras individualidades ligadas à cultura lusófona.
Foi esmagador o apoio manifestado ao acordo. Não apenas, como se esperaria, da parte dos envolvidos directamente nas negociações, como Helena da Rocha Pereira, Fernando Cristóvão ou Malaca Casteleiro. Mas também de associações galegas de defesa da lusofonia (o jornal “La Voz de Galícia” enviou um repórter), de Timor (Luís Costa: «Se não houver unidade ortográfica a confusão será grande, pois temos professores portugueses e brasileiros no país») e da parte de antigos exilados políticos portugueses no Brasil. Dois deles, integrando a associação Mares Navegados, e o terceiro — coronel Pedroso Marques, presidente da RTP — num apelo emocionado à ratificação do acordo.
Algo isolados no sala do Senado, mas invocando o peso técnico de pareceres e opiniões, ouviram-se nãos rotundos da catedrática Helena Buescu e de Rui Beja, da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros. Este, frontalmente contra pelos prejuízos que vão recair «sobre a generalidade das populações», obrigadas a gastar «milhões de euros» em novos livros; e Buescu recordando pareceres «arrasadores» de Óscar Lopes, Vítor Aguiar e Silva, de 20 especialistas da Universidade de Lisboa e da Associação Portuguesa de Linguistas.
Malaca Casteleiro considera que estão por demonstrar alegações segundo as quais o actual acordo beneficiará interesses nacionais brasileiros, nomeadamente editoriais. E defende que a avaliação de tais custos seja entregue a uma entidade externa.
A audição parlamentar partiu da iniciativa, muito elogiada, da Comissão de Ética, Sociedade e Cultura da AR, presidida por Marques Guedes (PSD).
in Público do dia 8 de Abril de 2008