Pelourinho "Tem (mesmo) a ver"?! Diogo Freitas do Amaral, o presidente cessante da Assembleia-Geral da ONU, deve ser hoje a figura com um discurso mais consensual na política portuguesa. Dizem as más línguas que não é nada inocente este estar-bem-com-tudo-e-com-todos do antigo líder da direita portuguesa, agora tão sensível também a alguns temas mais sintonizados pela esquerda, como a xenofobia ou o caso dos ciganos escorraçados de Oleiros, no Norte de Portugal. Basta ouvi-lo, como se ouviu no d... José Mário Costa · 3 de março de 1997 · 3K
Controvérsias Um consultório sem fala A linguística não é complemento da norma, nem a pode englobar. A linguística é o estudo da língua como ela é e não como se gostaria que fosse. A história, a filosofia, a sociologia da linguagem podem estudar a norma enquanto elemento externo à língua, enquanto ideologia, mas - sob o risco de se anular - os linguistas nunca deveriam colaborar com a sua imposição, em produtos como o Ciberdúvidas. Pedro Peres · 28 de fevereiro de 1997 · 2K
Controvérsias Lingüística: um estorvo à aprendizagem da Língua Portuguesa Para fixar inúteis, pretensiosas e ridículas bizantices, perde o estudante o tempo que deveria dedicar ao conhecimento efetivo da língua. A vida moderna não pode dar guarida ao que a desvia do seu destino profissional e técnico. O ensino do vernáculo nas escolas secundárias do Brasil, como o é nas da Inglaterra, da França, da Alemanha, dos Estados Unidos da América, da Rússia, deve ser utilitário, e não provocador de diploma enganador. Que proveito traz à nação brasileira ensinar à sua gente ... Napoleão Mendes de Almeida · 28 de fevereiro de 1997 · 6K
Antologia // Portugal A FALA Sou de uma Europa de periferiana minha língua há o estilo manuelinocada verso é uma outra geografiaaqui vai-se a Camões e é um destino.Velas veleiro vento. E o que se ouviaera sempre na fala o mar e o signo.Gramática de sal e maresiana minha língua há um marulhar contínuo.Há nela o som do sul o tom da viagem.O azul. O fogo de Santelmo e a trombade água. E também sol. E também sombra.Verás na minha língua a outra margem.Os símbolos os ritmos os sinais.E Europa que não mais Mestre não mais. Manuel Alegre · 28 de fevereiro de 1997 · 4K
Pelourinho Júnior, Júnior, porque nos traíste? Júnior, o conhecido e simpático jogador brasileiro de futebol, que durante anos encantou todos com a sua arte, recentemente passou a jogar Futebol de Praia e, obviamente, foi campeão mundial pela selecção do seu país. Numa entrevista à revista brasileira Veja, Júnior explica todas as virtudes da nova modalidade e do interesse que há em expandi-la. Mas fá-lo sob uma designação, no mínimo, curiosa: «beach soccer». Ao longo da entrevista, a expressão aparece quatro... Duarte Calvão · 28 de fevereiro de 1997 · 2K
Pelourinho «Há anos atrás»? Quando se faz o melhor comentário político da televisão portuguesa, como acontece semanalmente com Paulo Portas, na SIC, notam-se mais os erros. No caso, um - repetido: «há anos 'atrás'». É modismo de políticos e alguns jornalistas (por exemplo, Clara Ferreira Alves), que insistem nesta redundância evitável. Na expressão «há dias», «há meses», «há algum tempo», a simples presença do verbo «haver» dispensa qualquer palavra que venha denotar tempo decorrido. Dizem tais figuras prezar o «bom gost... João Carreira Bom · 24 de fevereiro de 1997 · 4K
Pelourinho O preço da Língua Portuguesa As agências de publicidade são lugares por vezes simpáticos, onde se respira um cosmopolitismo que, convidando à criatividade, não deixa de convidar também à passividade perante os barbarismos. Uma reunião de publicitários chega a tornar-se atroz com o número de expressões inglesas que utiliza, quando, na sua maioria, têm equivalência em Português. «Target (destinatário, público-alvo)! Clipping (recorte, análise ou monitoragem de informação)! Costumer (cliente)! Manager (director, administrador,... José Mário Costa · 21 de fevereiro de 1997 · 2K
Pelourinho Eu faço a Expo com «controller» Num Telejornal da portuguesa RTP1, o novo comissário da Expo 98, engenheiro Torres Campos, anunciou que vai ter um «controller»!!! Assim mesmo. Na "ecspô" que já tínhamos (ou será na "ecspó" como mais gostam outros locutores e políticos da praça?...), vamos ter agora um «controller». E que será um «controller», perguntaria um humilde falante de Português, pouco versado em economês anglo-saxónico de alto coturno? Será um «controleiro» político, tipo caça-laranjinh... Duarte Calvão · 17 de fevereiro de 1997 · 3K
Pelourinho O fantasma do Euro As manhãs de quinta, 13, e sexta, 14, encheram-se de euro via rádio portuguesa. Ainda não há euro que se veja, ou se troque, nem sequer ninguém ainda sabe se os portugueses vão mesmo deixar o escudo para a tal moeda única europeia — mas o fantasma do euro já anda a fazer a cabeça dos portugueses. Na manhã de quinta-feira, a TSF até lhe dedicou o seu habitual Fórum de quase três horas, euro para aqui, euro para ali, eles eram jornalistas, comentadores, especialist... João Carreira Bom , José Mário Costa · 14 de fevereiro de 1997 · 2K
Pelourinho O ódio ao verbo haver O jurista português Pedro Santana Lopes, reputado orador nos congressos do PSD, detesta o verbo «haver». Nos «Donos da Bola», nos telejornais, seja onde for, não o poupa. A última manifestação de ódio ao infeliz verbo foi na estação de TV privada SIC, no «Jornal da Noite» de 8 de Fevereiro, quando o supliciou com um «apesar de não haverem desafios...». É um «ódio de estimação». O dr. Santana Lopes sabe muito bem que o verbo haver só se conjuga no plural quando substitui, como auxil... João Carreira Bom · 10 de fevereiro de 1997 · 6K