DÚVIDAS

ARTIGOS

Pelourinho

Ciberfalhas

Esta secção serve para realçar desvios às normas de português supostamente em vigor nas escolas - quando cometidos em público e, de preferência, por figuras públicas.
     Ciberdúvidas, que tem suscitado milhares de consultas, é neste assunto uma «figura pública» de responsabilidade acrescida. Por isso, quando erra no que não pode, merece um lugar especial no "Pelourinho".
     Temos assinalado falhas nossas: pela correcção de respostas anteriores com a nota "mea culpa"; pela indicação desses lapsos na secção "Abertura" e em respostas aos prezados consulentes; e, ainda, quando isso se nos afigura justificar-se, pelo seu desenvolvimento na secção de controvérsias.
     É o caso do erro de concordância que subsistirá ainda alguns dias - por motivos técnicos alheios à nossa vontade - numa das legendas do dispositivo de busca («não foi encontrado nenhuma ocorrência dessa palavra»). Já o realçámos publicamente. Mas, como persiste, não é de mais fazê-lo de novo.
     Por tudo isso, merecemos o "Pelourinho". Merecemo-lo ainda mais, todavia, pelas numerosas "gralhas" e por um erro de palmatória que alguns dos nossos correspondentes encontraram no "Glossário": é indesculpável que um glossário de erros indique um espúrio "reavejo" - como forma correcta - na conjugação do verbo reaver.
     Verifique-se em qualquer dicionário de verbos: reaver não se conjuga na primeira pessoa do presente do indicativo nem em nenhuma outra forma em que o verbo haver (a partir do qual se compõe reaver) não tenha a letra v. Como a primeira pessoa do presente do indicativo do verbo haver é hei, aqui, reaver não tem conjugação. E, se tivesse, seria "reei" (re+hei).
     Que aconteceu? O "Glossário" provém de trabalho mais vasto, destinado a um jornal português. Na digitalização feita para Ciberdúvidas, no entanto, houve «empastelamento». Ou seja: parte do bloco dos erros colou-se ao bloco incompleto das formas conjugáveis. Quem trabalhou num jornal diário sabe como estas anomalias são frequentes e como a revisão, apesar de cuidadosa, as deixa passar.
     Está concluída pela Sociedade da Língua Portuguesa uma revisão do "Glossário", que demorou mais de dois meses e tanto inclui ajustamentos como a substituição de entradas que se não adequam ao público de Ciberdúvidas, mais vasto do que os destinatários internos de um jornal.
     Estas explicações podem ser atenuantes. Mas não nos absolvem.

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa