Pelourinho A (des)autorização do erro e do desleixo Erros primários de concordância (e logo na primeira página): «Os cavalos Przewalski, a única espécie equina actual que reúne características primitivas, pode voltar ao Côa.» Ou: «Para o catedrático, boa parte destes problemas têm origem na sobreposição de situações de exclusão social, de segregação residencial e de fenómenos de rejeição de origem nacionalista e/ou racista (...)». Ou, ainda, gralhas impensáveis (na última página, em corpo de letra avantajado): «Acha que os pifese... José Mário Costa · 14 de novembro de 2005 · 2K
Antologia // Brasil Sexa «- Pai…- Hmmm?- Como é o feminino de sexo?- O quê?- O feminino de sexo.- Não tem.- Sexo não tem feminino?- Não.- Só tem sexo masculino?- É. Quer dizer, não. Existem dois sexos. Masculino e feminino.- E como é o feminino de sexo?- Não tem feminino. Sexo é sempre masculino.- Mas tu mesmo disse que tem sexo masculino e feminino.- O sexo pode ser masculino ou feminino. A palavra "sexo" é masculina. O sexo masculino, o sexo feminino.» Crónica do escritor brasileiro Luís Fernando Veríssimo (1936 — 2025) , transcrita, com a devida vénia, do livro Comédias para se Ler na Escola, Publicações Dom Quixote, 2002, Lisboa. Luís Fernando Veríssimo (1936 — 2025) · 10 de novembro de 2005 · 31K
Pelourinho Os gramas da pequena infanta A infanta Leonor de Espanha nasceu com 3 540 g (por extenso, três mil quinhentos e quarenta gramas). O locutor de serviço, na RTP, ao transmitir a notícia, contornou airosamente a leitura do peso, não fosse o diabo tecê-las, e arredondou-o para 3,5 quilos. Já a repórter que nos falava de Madrid foi menos cautelosa… e lá vieram as quinhentas gramas… Pois é, à semelhança das outras unidades de medida, como ... Maria João Matos · 4 de novembro de 2005 · 4K
Pelourinho // Gralhas "Fornia", ou a consagração da gralha O ser humano, enquanto falante e enquanto escrevente, usa, muitas vezes, de forma inadequada determinadas palavras. Ou então pronuncia-as ou escreve-as incorrectamente. Com as novas tecnologias consagram-se, muitas vezes, lapsos antigos ou surgem outros novos.Perguntaram-me, há dias, o que significava a palavra "fornia". Depois de pesquisar em todos os dicionários a que tive acesso e nada ter encontrado, recorri à Internet e verifiquei que, em português, a palavra tinha uma utilizaç... Edite Prada · 25 de outubro de 2005 · 3K
Pelourinho A «arruada» da campanha A recente campanha eleitoral autárquica [em Portugal] afinal sempre nos trouxe uma boa novidade. Uma palavra nova que de um momento para o outro entrou no nosso vocabulário. Trata-se da palavra «arruada», que não conhecia. De repente, a dita «arruada» aparece repetida até à exaustão em todas as televisões. Assim é o mimetismo dos meios de comunicação social dos dias de hoje. Um diz e os outros copiam. Mesmo que não saibam muito bem o que é. Adiante. Interessa é alinhar com a moda. E achar... Paulo J. S. Barata · 17 de outubro de 2005 · 3K
Pelourinho A praga do «é suposto» Aos poucos, a moda do «é suposto» instalou-se. Não deixa de ser curioso verificarmos a rapidez com que se tem propagado esta expressão, cópia da construção inglesa «it’s supposed». Uma verdadeira praga! (...) Maria João Matos · 15 de outubro de 2005 · 10K
Pelourinho A moda dos sons aspirados à inglesa Sobre a moda, em Portugal, de os "tês" e de os "dês" se dizerem à inglesa, neste apontamento do professor Carlos Rocha . Carlos Rocha · 7 de outubro de 2005 · 5K
Pelourinho Bicha, esse animal em vias de extinção Não estou a fazer nem a apologia nem a condenação do calão. Ele faz parte da língua. Aliás, ele faz parte da riqueza e da expressividade da língua. Quem nunca se socorreu do calão no momento certo, atire a primeira pedra! Há até subterfúgios para o utilizar – melhor dizendo, sugerir – em locais inapropriados para o seu uso. «Diga arroz, que também tem dois erres», costumava ouvir-se na emergência de uma situação em que o calão se justificaria como válvul... Maria João Matos · 30 de setembro de 2005 · 6K
Pelourinho "Pólo" amor de Deus!... «Os "P[ô]lo" Norte estão de volta», anunciou o locutor da Antena 1/RDP, numa daquelas promoções para isto e para aquilo da rádio pública portuguesa. Foi com alguma dificuldade que percebi a frase. Levado pelo meu interesse pelo português antigo, até julguei que alguém estava de regresso "polo" norte, como se, subitamente, o locutor tivesse pretendido evocar o nosso passado galego-português. Bastava recordar que a contracção de por com o artigo definido mas... Carlos Rocha · 22 de setembro de 2005 · 3K
Pelourinho Injustiçada?! Não, obrigada Trata-se de um termo muito em voga actualmente, mas cujo uso me causa ainda uma certa estranheza e ao qual até hoje não consegui aderir. Ouvi há tempos uma conhecida entrevistadora perguntar ao seu interlocutor: «Sente que foi injustiçado?» Ao que ele respondeu: «Não, não me sinto vítima de injustiça.» Obviamente que esta personalidade possui uma sensibilidade para a língua que a entrevistadora não revela. O te... Maria João Matos · 16 de setembro de 2005 · 5K