Um Caso Por Resolver, que está a passar atualmente na RTP 2, é uma série francesa de seis episódios, baseada em factos reais, sobre um dos mais mediáticos crimes não resolvidos em França: o assassínio misterioso de um menino de quatro anos de idade. «Uma tragédia humana» — como a qualifica a respetiva sinopse —, cujo pano de fundo vai para além do caso em si, passado no ano de 1984.
O que fica exposto foi a atuação nada exemplar dos investigadores e magistrados envolvidos. Tal como a sufocante cobertura noticiosa correspondente, ao pior estilo do jornalismo sensacionalista, sem regras nem valores ético-deontológicos — no mais primário tendenciosmo a que nem escapou a romancista Margarite Duras, nos artigos que foi escrevendo para o Libération. E onde a tradução e a legendagem televisivas não se saem melhor, com vários erros e imprecisões. Nomeadamente nesse recorrente erro no uso de «[os] média», como se em português a regra dos plurais admitisse a terminação em -a *.
Tratando-se, ainda por cima da «culta e adulta» RTP 2, convenhamos que ainda fica pior o desconhecimento da forma latina media (plural de medium), e como ela deve ser grafada...
* No Brasil, já com consagração dicionarística, a opção foi a criação, a partir da prolação inglesa de media, do substantivo feminino no singular mídia («meio através do qual as informações são divulgadas; os meios de comunicação»).
Cf. ‘À muito tempo que não te via’, ‘hades’ cá vir. Estamos a dar mais erros de português?