Género neutro para Deus - Diversidades - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
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Género neutro para Deus
Género neutro para Deus
Proposta da Igreja Anglicana para as suas celebrações litúrgicas

 «[...] Pai e mãe não são termos intercambiáveis e relacionam-se com os filhos de formas diferentes [...]»

 

Dois comités da Igreja da Anglicana estão a explorar a decisão de a instituição deixar de utilizar pronomes masculinos quando se referir a Deus, nas celebrações litúrgicas.

Este projeto, que surge depois de alguns elementos da Igreja questionarem se faria sentido começar a usar termos neutros, sem género, nas referências a Deus, pretende, à partida, realizar uma atualização para uma linguagem mais inclusiva nas missas e outros eventos religiosos oficiais.

Numa carta enviada à Comissão Litúrgica da Igreja Anglicana, que desenvolve a linguagem utilizada nas celebrações oficiais religiosas, Joanna Stobart, vigária de Ilminster e Whitelackington, no condado de Somerset, quis saber da possibilidade de se «dar mais opções» aos que querem «falar com Deus numa forma sem género, particularmente em orações que utilizam pronomes masculinos».

Em resposta, o arcebispo de Lichfield lembrou que a questão da linguagem de género nas referências a Deus já tem sido discutida «há muitos anos, em colaboração com a Comissão da Fé e da Ordem». Contactado pelo jornal inglês The Mirror,  recordou que «depois de algum diálogo com as duas comissões desta área», o novo projeto vai para a frente já a partir desta primavera [de 2023], ficando em debate durante os próximos cinco anos.

Apesar disso, um porta-voz da Igreja Anglicana afirmou, em declarações à televisão Sky News, que não se pretende «abolir ou reformular substancialmente as liturgias atualmente autorizadas». «Os cristãos reconheceram desde os tempos antigos que Deus não é homem nem mulher, mas a variedade de maneiras de se dirigir e descrever Deus encontradas nas escrituras nem sempre se refletiu no nosso culto», acrescentou, garantindo que «nenhuma mudança poderia ser realizada sem uma  adequada legislação.»

Ainda assim, e não se conhecendo que mudanças específicas vão ser adotadas, o reverendo Ian Paul disse, em declarações ao diário londrino The Telegraph, que estas alterações representam um abandono da própria doutrina da Igreja, afastando-a do que é fundamentado «nas escrituras», considerando que «o facto de Deus ser chamado Pai, não pode ser substituído para Mãe sem que seja mudado o significado, nem pode ter o género neutralizado para Progenitor sem perda de significado.» Por isso, entende que «pai e mãe não são termos intercambiáveis e relacionam-se com os filhos de formas diferentes», defendeu.

Por outro lado, a associação inglesa Women and the Church (Mulheres e a Igreja’, WATCH, em inglês) já afirmou «que é uma leitura teológica errada dizer que Deus é exclusivamente masculino, o que está na origem de contínua discriminação e sexismo contra as mulheres».

Fonte

Notícia publicada na revista Visão de 9 de fevereiro de 2023.