Muitas são as ferramentas disponíveis na Internet para, na hora, se fazer uma tradução, mesmo que esta não tenha a precisão desejada. No entanto, para uma tradução, que, no Google Tradutor, por exemplo, pode ser acompanhada de áudio, é necessário termos um telemóvel ou outro dispositivo que permita aceder à Internet. E se existir outra ferramenta que traduza voz e não dependa de Wi-Fi? Essa ferramenta existe e há algumas empresas que já a comercializam.
Refira-se, por exemplo, o Vasco, um aparelho semelhante a um iPod que deve o seu nome ao navegador português Vasco da Gama. É um tradutor de voz criado e desenvolvido desde 2008 pela Vasco Electronics, uma empresa polaca. Num mundo em que viajar além-fronteiras passou a ser uma prática corrente, este tradutor de bolso propõe-se quebrar as barreiras que a diversidade linguística impõe e ajudar as pessoas a comunicar. Para isso, apresenta-se com mais de 70 línguas para as quais se pode traduzir o que se pretende dizer clicando somente em dois botões. Mais! Além da tradução por voz, este aparelho consegue traduzir texto – fá-lo através de uma câmara que se aponta ao texto que se pretende traduzir – e chamadas telefónicas.
Fala-se aqui do Vasco, mas são igualmente de mencionar os casos do Mijia, da Xiaomi, ou do tradutor de bolso da Aucun. Há uma miríade destes aparelhos, mais ou menos eficazes, com características semelhantes, que partilham o mesmo objetivo. Veio, portanto, para ficar a realidade da tecnologia ao serviço da comunicação interlinguística.
Não obstante, apesar das numerosas vantagens associadas a estes aparelhos – a tecnologia ao serviço das necessidades imediatas do homem –, não se pode assumir e acreditar que eles substituam a aprendizagem de línguas estrangeiras. Na verdade, adquirir competência comunicativa noutras línguas potencia o alargamento da mundividência dos indivíduos, pois abre portas para o desenvolvimento pessoal, cultural e profissional, e, ainda, estimula a agilidade cerebral. Além disso, a conexão verdadeira com os outros faz-se de viva-voz, e não através de um intermediário eletrónico. Na verdade, estes aparelhos ainda não são tão eficazes na tradução como são a atenção humana, ou não fosse esta uma tarefa dinâmica e complexa.
É com satisfação que se assiste ao surgimento de ferramentas capazes de ajudar na comunicação de uma língua que não se domina. Ainda assim, é importante ter a noção de que elas são um complemento, um recurso, em nosso auxílio, e não têm de se sobrepor à vontade de aprender línguas.
Cf. As dificuldade da tradução + Um livro em várias traduções + Em defesa dos tradutores literários