Continuamente se apresenta o inglês como a língua franca da atualidade, mas o ciberespaço tem maior diversidade linguística do que poderia calcular-se e são muitas as línguas que aí se afirmam, entre elas, o português. Com efeito, um artigo – intitulado The digital language divide, ou seja, a A barreira linguística digital – do jornal inglês The Guardian revela que, no conjunto das línguas mais utilizadas no universo digital, a língua portuguesa ocupa o quinto lugar, com mais de 121 milhões de utilizadores. Essa posição corresponde a um perfil de utilização que não se confunde com o de outras línguas concorrentes; contudo, o acesso à informação pode ser deficitário, levando a lusofonia a recorrer ao inglês e a outras línguas para obter ou difundir o conhecimento em linha não recoberto pelo português. E, na verdade, revela ainda o mesmo artigo, quem escreve em português no Twitter também o faz em inglês. O multilinguismo é, portanto, uma dimensão incentivada na Internet, mas até que ponto esta capacidade não acaba por beneficiar as línguas hegemónicas e enfraquecer ainda mais o uso de línguas com menos falantes e menor capacidade de afirmação cultural e tecnológica? E que futuro terá o próprio português num espaço digital tão disputado?
Assinale-se a transmissão, pela Rádio Nacional de Angola, em todos os seus canais nacionais e provinciais, de novos episódios do programa Mambos da Língua – O tu-cá-tu-lá do português de Angola. Este espaço criado pelo Ciberdúvidas em parceria com a referida estação de rádio dedica breves apontamentos diários às palavras, frases e expressões dos usos do português escrito e falado em Angola (ler sinopse aqui). Temas em foco na presente semana: a diferença entre sobre e sob; e as designações que se dão a quem ensina e a quem aprende.
É possível uma sequência como «vê-se-o», ou seja, podemos associar o se apassivante ao pronome átono o? Que significa fiada, uma palavra usada por Miguel Torga nos seus Novos Contos da Montanha? E falando de cremes que supostamente devolvem a elasticidade à pele, diz-se que são "reafirmantes", ou "refirmantes"? Tais são as novas questões a que se dá resposta no consultório.