Todo o falante sente a fricativa [ʃ], no final de uma palavra, como sendo um morfema de plural. Daí a invenção patente na forma "téni" como singular de ténis, bem como na de nó enquanto plural de noz... Já a palavra filhós admite dois singulares — filhó e filhós — e dois plurais — filhós e filhoses. Mas é, no entanto, o primeiro par o mais recomendável.
Terminou a VI Semana da Língua Portuguesa realizada na Universidade de Toronto, subordinada ao tema Vozes Africanas em Português. O evento foi organizado pelo Departamento de Espanhol e Português daquela universidade, em colaboração com o Instituto Camões.
A comunicação da professora Inocência Mata, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, visou divulgar as literaturas dos cinco países africanos em que o português é a língua oficial: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
Como se traduz newsletter, background, chip, podcast, workshop, masterclass... Já agora, no que toca ao campo lexical da escrita musical, também devem ser traduzidas as designações dos andamentos, como allegro, moderato, presto, adagio? Ou das dinâmicas — ritardando, rallentando, por exemplo? Ainda: deve-se estipular uma tradução para palavras já instaladas na língua, como fait-divers? Afinal, quais os critérios que impõem a tradução de uns empréstimos, mas já não a tradução de outros?
1. De um breve retorno às origens da Pragmática Linguística, ficam duas noções básicas:
Deixamos também um rápido apanhado da bibliografia fundamental, disponível para o português:
2. Temas do Programa Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 13h15*, dia 27): a ratificação na Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Aprovado pelo Governo guineense em 14 de Novembro de 2009, o Acordo carecia da ratificação parlamentar que agora o oficializa. Dos oito Estados que integram a CPLP, falta ainda a aprovação de Angola e de Moçambique. Nos termos acordados, o documento é válido nos países cuja ratificação parlamentar já ocorreu. Outro tema: o seminário sobre Metodologias e Materiais para o Ensino do Português como Língua não Materna, organizado pelo ILTEC (Instituto de Linguística Teórica e Computacional), de Lisboa.
*Hora de Portugal Continental.
Acabou de ser lançado, no Brasil, o Dicionário Tupi-Português, da autoria de Hugo Di Domenico. Este dicionário corresponde a um trabalho lexicográfico de grande fôlego e contribui para um mais abrangente entendimento da origem de múltiplas palavras no léxico do português, concorrendo igualmente para prestigiar a língua tupi.
Convém, aliás, lembrar o quanto o processo de fixação pela escrita é fundamental para a conservação e revitalização de uma língua. Sugerimos, a este propósito, a leitura do artigo «Alfabetização indígena: a escrita revitaliza línguas?», publicado na revista electrónica de jornalismo científico Com Ciência.
Para quem estuda os vários fenómenos da expressão linguística e, pelo menos no plano das intenções, para quem é responsável pelas directrizes políticas de promoção dos saberes linguísticos, o que importa não é a luta pela hegemonia de uma, duas ou três línguas, mas a criação de condições que potenciem uma competência multilingue generalizada. Isto mesmo foi defendido recentemente pelo representante do Brasil da CPLP: a preservação das línguas nativas a par da promoção do português.
A pergunta já aqui foi feita: é possível falar de uma escrita digital, ou seja, de um registo próprio da escrita web? Se sim, de que modo tal pode mudar a língua corrente?
E será que isso representa a ruína da língua? Aparentemente, sim, pois se um ósculo é substituído por um xuac, e um episódio hilariante por um LOL...
Mas estaremos realmente a falar da escrita na acepção de sempre? Será esta escrita mutante verdadeiramente uma nova modalidade de expressão textual, ou simplesmente um suporte de expressão linguística oral ou oralizante e, por isso, mais vulnerável a variações?
Para uma reflexão sobre o tema, recomendamos a leitura dos seguintes artigos:
A empresa Tecidos A. Carvalho foi condenada judicialmente por participar em licitação fraudulenta, ocorrida em São Francisco do Conde, Brasil. A chave da investigação esteve na ortografia. Havia no processo documentos forjados: todos apresentavam exactamente os mesmos erros ortográficos, que conduziam ao mesmo empresário, agora condenado.
1. A expressão da negação em português não cabe na adjunção do advérbio não à frase. É essa uma das razões por que a oposição frase afirmativa vs. frase negativa desapareceu da TLEBS e do Dicionário Terminológico. Depois há o não enfático (que não nega) e a dupla negação. Daí que a negação seja frequentemente objecto de análise nos estudos linguísticos, sob diferentes respectivas. Justamente, a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (Universidade Nova de Lisboa) dedica, no dia 21 de Novembro de 2009, um workshop às relações entre negação e texto.
É curioso verificar, ainda, como este processo gramatical e discursivo se instalou na expressão fixa de desprezo «És uma negação!»...
2. O Instituto Camões é o representante da língua portuguesa na Expolíngua de Berlim (22.ª edição), a decorrer até ao dia 22 do mês presente. As leitoras Catarina Castro (Berlim) e Madalena Simões (Hamburgo) são as dinamizadoras de um dos principais eventos da exposição, a saber, cursos de sensibilização à aprendizagem do português.
3. Quais são os valores transportados pela língua portuguesa? E porquê a importância da sua internacionalização? As respostas, e as pistas, do professor Adriano Moreira e do jornalista da TV Globo Alexandre Garcia no programa Páginas de Português (Antena 2, 17h00*).
*Hora de Portugal continental
O Fundo da Língua corresponde a 30 milhões de euros. Foi este o montante anunciado, na legislatura anterior, com vista ao investimento na promoção da língua portuguesa — património imaterial estimado em 17% do PIB português. António Monteiro, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, defende agora o alargamento desse montante.
Porém, antes mesmo de um eventual alargamento, era importante saber como foi ou vai ser aplicado esse dinheiro e quais os efeitos esperados no curto e no médio prazo.
Entretanto, o interesse em aprender português do Brasil cresce, assim como o fascínio pela cultura desse Brasil brasileiro, prevendo-se que ambos cresçam fortemente, antes e depois de 2016.
Uma boa ideia: fazer uma lista graduada de palavras novas na língua. Fatalmente, palavras do mundo das novas tecnologias. Foi o que fez o Dicionário Oxford: elegeu unfriend a palavra do ano. Unfriend é verbo e significa remover um utilizador da sua lista de contactos numa rede social.
A velocidade da emergência de novos produtos, sistemas e possibilidades operativas é actualmente estonteante. E a língua não fica atrás, fica à frente desse processo: as facetas deste admirável mundo novo têm de ser nomeadas para terem efectividade — ainda que virtual.
Ficamos a aguardar, então, a recepção de perguntas sobre como traduzir ou adaptar a palavra unfriend para português.
Lembramos, a este propósito, o meritório trabalho do Observatório de Neologia do Português, do Instituto de Linguística Teórica e Computacional.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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