375: é o número de e-books em língua portuguesa (obras de Eça de Queirós, Cesário Verde ou Camilo Castelo Branco, entre outros clássicos) que constam do Projecto Gutenberg. O número pode não parecer muito elevado, mas há a assinalar o facto de a digitilização destas obras se dever ao Voluntariado Literário, organização constituída por 255 voluntários — portugueses, brasileiros e imigrantes lusos em vários países da Europa, cuja tarefa é eliminar as gralhas resultantes da digitalização automática.
Quanto mais revisores houver, mais obras é possível disponibilizar. Deixamos o repto aos nossos consulentes.
Reflectir maduramente sobre uma futura Academia da Língua Portuguesa — é o propósito declarado da ministra da Cultura de Portugal, Gabriela Canavilhas. A normalização do português europeu, instrumento fulcral em áreas como a comunicação social, a tradução e o ensino, é, actualmente, uma zona de ninguém. A investigação em linguística portuguesa com os países lusófonos em intercâmbio é uma quimera. Uma Academia da Língua Portuguesa, que colocasse em comunhão linguistas de várias domínios, seria um passo importante para a afirmação do português no mundo. Porque não há normalização possível sem suporte teórico consistente e sério.
O exemplo a seguir temo-lo aqui mesmo ao lado: a Nova Gramática da Língua Espanhola é hoje lançada nos países onde o espanhol é língua oficial. Alguns números: reuniu 22 academias da língua espanhola, demorou 11 anos a ser construída e estende-se ao longo de 4000 páginas. Por isso foi qualificada de «colectiva, consensual e ambiciosa» — e justamente.
Já sobre o novo Acordo Ortográfico, é certo: a ministra confirmou que «se seguirá o que está planificado, e em Janeiro entrará em vigor», com a grafia das publicações do Diário da República, a partir de 2010, a abrir caminho.
Prémio Nobel da Paz 2009: Barak Obama. Nobel é palavra aguda, ou grave? Nobelizar, nobelizado, nobelizável existem? É correcto formar o plural de Nobel? E qual a forma de plural, então?
Passemos em revista perguntas e artigos que temos sobre este tema:
O problema da CPLP está em que as decisões tomadas nas reuniões dos ministros da Cultura dos países lusófonos nunca passam de planos de intenções. A assunção é de António Augusto Barros, coordenador da Cena Lusófona, declarada na abertura do Encontro Internacional sobre Políticas de Intercâmbio, a decorrer em Coimbra.
Cf.f. Embaixador Seixas da Costa diz que CPLP não funciona e que Brasil não se empenha na organização + Marcelo Rebelo de Sousa não quer Guiné Equatorial à frente da CPLP + CPLP. “A mancha na reputação existe desde que a Guiné Equatorial foi admitida. Sete anos depois, nada mudou” + Esqueçam a CPLP e deixem o Camões em paz
"Tuitar", "blogar", "postar", "grafitar"... são palavras que, aparentemente, já sofreram adaptação gráfica, morfológica e fonética para a língua portuguesa. Não terão estas palavras direito a integrar o léxico do português?
Com direito ou sem ele, os estrangeirismos marcam presença assídua no linguajar dos surfistas, tanto assim, que são os estrangeirismos o principal traço desse tecnolecto.
Depois, há os neologismos híbridos, como ciberterrorismo ou ciberactivista... Será o caso de minilifting?
A propósito, lembramos, mais uma vez, aqui, o trabalho do Observatório de Neologia do Português (do ILTEC), que tem por objectivo recolher dados de modo a dar conta da inovação lexical no português.
Todos são convidados a participar nessa recolha de dados
Envie para mafalda.antunes@iltec.pt:
Os professores que irão ensinar português em países da América Latina precisam de formação específica para o fazer. Brasil e Portugal (neste caso, via Instituto Camões) acordaram em compartilhar essa tarefa, compromisso assumido no âmbito do Programa Acção Lisboa, discutido na XIX Conferência Ibero-Americana.
Os alunos não lusófonos, a viver em países não lusófonos, que queiram aprender português, têm de escolher entre aprender a variante do português europeu ou a do português do Brasil. As diferenças são não só fonéticas, mas também sintácticas, ortográficas (sim, mesmo com o novo acordo) e lexicais. No que a este campo diz respeito, há a assinalar, no português do Brasil, as palavras de origem tupi (capim, jacarandá, mandioca, arara, jacaré, jenipapo, tapioca, tucano, cururu, arapuca, mingau, iara, pororoca, tocaia, cuíca, etc.) e as palavras de origem africana (bagunça, berimbau, bunda, cacimba, caçula, cafuné, cochilar, jagunço, marimba, moleque, quilombo, quitanda, samba, senzala, tanga, xingar, zumbi, etc.). Mas também diferenças lexicais mais prosaicas, como rádio-despertador/rádio-relógio...
É certo que o português europeu já sofreu influência do português do Brasil, mas a homogeneização é impossível.
Todo o falante sente a fricativa [ʃ], no final de uma palavra, como sendo um morfema de plural. Daí a invenção patente na forma "téni" como singular de ténis, bem como na de nó enquanto plural de noz... Já a palavra filhós admite dois singulares — filhó e filhós — e dois plurais — filhós e filhoses. Mas é, no entanto, o primeiro par o mais recomendável.
Terminou a VI Semana da Língua Portuguesa realizada na Universidade de Toronto, subordinada ao tema Vozes Africanas em Português. O evento foi organizado pelo Departamento de Espanhol e Português daquela universidade, em colaboração com o Instituto Camões.
A comunicação da professora Inocência Mata, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, visou divulgar as literaturas dos cinco países africanos em que o português é a língua oficial: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
Como se traduz newsletter, background, chip, podcast, workshop, masterclass... Já agora, no que toca ao campo lexical da escrita musical, também devem ser traduzidas as designações dos andamentos, como allegro, moderato, presto, adagio? Ou das dinâmicas — ritardando, rallentando, por exemplo? Ainda: deve-se estipular uma tradução para palavras já instaladas na língua, como fait-divers? Afinal, quais os critérios que impõem a tradução de uns empréstimos, mas já não a tradução de outros?
1. De um breve retorno às origens da Pragmática Linguística, ficam duas noções básicas:
Deixamos também um rápido apanhado da bibliografia fundamental, disponível para o português:
2. Temas do Programa Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 13h15*, dia 27): a ratificação na Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Aprovado pelo Governo guineense em 14 de Novembro de 2009, o Acordo carecia da ratificação parlamentar que agora o oficializa. Dos oito Estados que integram a CPLP, falta ainda a aprovação de Angola e de Moçambique. Nos termos acordados, o documento é válido nos países cuja ratificação parlamentar já ocorreu. Outro tema: o seminário sobre Metodologias e Materiais para o Ensino do Português como Língua não Materna, organizado pelo ILTEC (Instituto de Linguística Teórica e Computacional), de Lisboa.
*Hora de Portugal Continental.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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