1. Chegam novas de Goa, a jóia imperial de antanho. Uma entrevista recente a Delfim Correia da Silva, actual director do Centro de Língua do Instituto Camões de Goa, dá conta do que é hoje promover o português na Índia.
2. Na emissão do Páginas de Português de domingo, 8 de Novembro, às 17h00*, na Antena 2, assinalam-se os 60 anos da Sociedade da Língua Portuguesa e os desafios da tradução em português. E haverá, ainda, a rubrica “Uma Carta É Uma Alegria da Terra”, em colaboração com os CTT, Correios de Portugal.
3. O Língua de Todos, na emissão de sexta-feira, 6 de Novembro, às 13h15*, na RDP África (com repetição no dia seguinte, às 9h15*), mostrará que as metáforas e os neologismos não são só uma marca comum dos escritores africanos de língua oficial portuguesa — dos moçambicanos Mia Couto e Nelson Saúte aos angolanos Luandino Vieira e Manuel Rui, por exemplo. O discurso científico também se socorre deles: é o caso da medicina tropical.
* Hora oficial de Portugal continental.
1. As críticas à aplicação do Acordo Ortográfico de 1990 que, de diversos quadrantes, têm sido feitas em Portugal estão a ter eco no Brasil. O presidente de honra da Academia Brasileira de Filologia, Leodegário Amarante de Azevedo Filho, já assinalou a grande resistência à adopção da reforma, principalmente entre escritores portugueses. E, no Congresso Nacional, foi apresentada uma sugestão para autorizar o governo brasileiro a rever o novo acordo ortográfico.
2. A emissão do Língua de Todos de sexta-feira, 6 de Novembro, às 13h15*, na RDP África (com repetição no dia seguinte, às 9h15*) mostrará que as metáforas e os neologismos não são só uma marca comum dos escritores africanos de língua oficial portuguesa — dos moçambicanos Mia Couto e Nelson Saúte aos angolanos Luandino Vieira e Manuel Rui, por exemplo. O discurso científico também se socorre deles: é o caso da medicina tropical.
* Hora oficial de Portugal continental.
1. No Pelourinho, fala-se da redacção de notícias nos jornais portugueses, porque não se consegue manter o tom: Ana Martins aponta erros decorrentes do (des)encontro de níveis de língua incompatíveis e da falta de um bom trabalho de revisão.
2. Em Cabo Verde, uma proposta de oficialização do crioulo cabo-verdiano, apresentada no âmbito de um processo de revisão constitucional, não foi aceite pelo Parlamento. A oposição, constituída pela União Cabo-verdiana Independente e pelo Movimento para a Democracia, argumenta que não há condições para criar a plena paridade entre o português e o crioulo. O partido no governo (o PAICV, Partido Africano para a Independência de Cabo Verde) lamenta a posição tomada, considerando que «condições óptimas nunca são criadas à partida».
«A língua portuguesa é rentável», diz o embaixador de Portugal na África do Sul, a partir da constatação da grande dimensão da comunidade lusófona naquele país e da proximidade com Moçambique e Angola. Resta saber que acções serão desencadeadas para alimentar e expandir essa rentabilidade, que — neste momento — é apenas potencial.
A promoção do português foi recentemente anunciada, de novo, como uma prioridade do programa do XVIII Governo Constitucional de Portugal. Resta-nos aguardar por mais notícias sobre a aplicação de medidas no terreno.
Entretanto, o espanhol Manuel Rivas apresenta neste dia, em Madrid, a versão bilingue (português e tétum) do livro escolar A Língua das Borboletas, com vista à distribuição gratuita nas escolas de Timor-Leste. A edição é da responsabilidade da Associação Luso-Galega de Antropologia Aplicada e da Universidade da Corunha (notícia da agência Lusa, de 2/11/09).
Quando a oferta falha, a procura diminui: o princípio teórico do liberalismo aplica-se — também — ao crescimento económico que a língua potencia. É disso exemplo a actual situação do ensino do português na África do Sul, de que nos dá conta o seu coordenador.
Concomitantemente, ao contrário do italiano, do espanhol ou do árabe, o português não é uma língua que esteja a crescer significativamente na Internet, e a percentagem de representatividade atestada no gráfico é relativa, claro está, ao português do Brasil.
1. Há alguns anos, não se levantava a questão, nas nossas escolas, da língua portuguesa como língua materna. Porque essa era a língua da população escolar, a dos seus pais, herdada de geração em geração, com raízes românicas, germânicas, árabes... Mas essa não é a realidade de hoje, em que «há 80 línguas diferentes faladas por alunos que não têm o português como língua materna», o que constitui um entrave à interacção com os outros, à compreensão das mensagens, à integração nos grupos, à participação nas actividades... A diferença linguística, o não domínio da língua oficial, é um estigma que isola, que marginaliza, que exclui. Se não se fizer nada para mudar... O projecto Turma Bilingue, da responsabilidade do ILTEC (Instituto de Linguística Teórica e Computacional), com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, propôs a mudança: uma educação bilingue sempre que haja um número razoável de alunos que partilhem a mesma língua. A aula diária de crioulo (a língua materna de um elevado número de alunos oriundos das ex-colónias) faz parte do horário do 2.º A da Escola Básica 2/3 do Vale da Amoreira. Mas não haverá mais problemas na aprendizagem da escrita? E na da leitura? E como resolvem as pronúncias e os sotaques? Como gerir estas diferenças? Qual a avaliação da biliteracia?
2. A resposta vem ao nosso encontro. Porque a partilha de experiências na área do bilinguismo, a troca materiais para o ensino do Português Língua não Materna, assim como o balanço e as primeiras conclusões sobre o trabalho que está a ser desenvolvido desde o ano lectivo passado, serão apresentados, durante o Seminário para o Ensino do Português como Língua não Materna, em 29 e 30 do corrente mês, na Gulbenkian. Esse seminário terá a participação de Ana Martins, membro da equipa do Ciberdúvidas, o que muito nos apraz!
3. No programa Língua de Todos de sexta-feira, 30 de Novembro, às 13h15*, na RDP África (com repetição no sábado, às 9h15*), Hildizina Dias, professora da Universidade Eduardo Mondlane, falará sobre a formação dos professores de Português em Moçambique. Na emissão do Páginas de Português de domingo, 1 de Novembro, às 17h00*, na Antena 2, uma conversa com a professora Margarita Correia (ILTEC) retomará a questão das previsíveis disparidades entre os vocabulários ortográficos para o português europeu, cada um deles com a sua própria interpretação do Acordo Ortográfico. Outro tema será abordado: o significado e a origem da expressão «ir/vir de escantilhão».
* Hora oficial de Portugal continental.
1. Estimular o gosto de folhear um livro, fomentar o desejo de desvendar o que as páginas guardam, desencadear o prazer de ficar preso às palavras do texto que nos transportam para o enredo de determinada história, proporcionar a oportunidade de conviver com termos desusados, de surpreender pela invulgaridade das construções, de apreciar a beleza e a versatilidade da linguagem escrita... e despertar a consciência para o valor da leitura, universo inesgotável de saberes, fonte catalisadora de competências — enfim, uma lista infindável de princípios/objectivos que norteiam todos os que não desistem de acreditar no poder da leitura. Porque é uma actividade enriquecedora para todos os falantes da língua portuguesa, e uma mais-valia, se for realizada com estudantes de outras origens «independentemente da sua nacionalidade ou da sua língua materna», surgiu o projecto Ler + em vários sotaques, do Plano Nacional de Leitura (PNL). E, para confirmar o seu poder, Ler + para vencer, uma outra iniciativa promovida pelo PNL...
2. Por se preocupar com a escassez de leituras dos jovens, a Universidade de Coimbra vai dinamizar um colóquio (a decorrer em 17 e 18 de Novembro) sobre «O Livro e a Leitura entre os Jovens», dirigido aos estudantes dos ensinos secundário e universitário.
1. Deparamo-nos, cada vez mais, com registos escritos que nos fazem franzir a testa. Sinal de dúvida, de incredulidade, de perplexidade e, até mesmo, de assombro e... de horror perante o confronto com algo escrito (quantas vezes em letras garrafais, ostensivamente bem visíveis!), como que a desafiar o olhar convencional do outro, a testar a nossa atenção e..., sobretudo, a avaliar a nossa capacidade de descodificação. A realidade é que, hoje, no nosso dia-a-dia, nos sentimos abalados por dúvidas, inundados de incertezas que, outrora, não tínhamos. Mas isso não implica aceitar o desgoverno da língua ou a liberalização da escrita; veja-se o exemplo do apelo ao Governo para a implantação «o quanto antes» do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (de 1990), feito pelo linguista Malaca Casteleiro, orientador científico do recente Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.
2. Não há dúvida de que a língua evolui, ganha novas palavras (neologismos), adopta outras de outras línguas (estrangeirismos) e de outros povos, reflexo das mudanças dos tempos e de uma sociedade em contacto directo, em que as distâncias se esbateram, e que se apropria naturalmente do falar do outro. Atento à realidade do nascimento de neologismos, porque consciente da dificuldade em se manter actualizado na frequência de novas palavras, o Observatório de Neologia do Português (ONP), do ILTEC, pede a colaboração de todos nós na detecção de neologismos para os integrar na sua base de dados.
1. Pode parecer estranho — e até soar a resposta ao discurso em que Barack Obama proclamou Outubro como o mês da literacia da informação nos Estados Unidos —, mas este Outubro português tem vindo a provar que a nossa luta pela causa da literacia ultrapassou o domínio dos projectos, investiu na rede de bibliotecas escolares, promoveu programas de incentivo e leitura e teve o reconhecimento internacional. No início do mês, International Association of School Librarianship (IASL), a principal associação internacional no âmbito das Bibliotecas escolares, distinguiu com o prémio IASL School Librarianship 2209 uma professora e bibliotecária portuguesa, Maria José Vitorino, que tem trabalhado como o Programa RBE desde o seu lançamento, em 1996.
2. O lançamento, em 22 de Outubro, de um novo programa — Ler é para já! — de incentivo à leitura, «dirigido a jovens e adultos com poucos hábitos de leitura que necessitam de aumentar os níveis de literacia e consolidar as aprendizagens necessárias à qualificação profissional», é a mais recente aposta da Rede de Biblioteca Escolares. O seu grande desafio: «Motivar para a leitura por prazer e contribuir para criar leitores autónomos, propondo a utilização dos recursos das bibliotecas escolares.»
3. Há vida na biblioteca! é uma outra iniciativa, promovida pelo Plano Nacional de Leitura, pela Rede de Bibliotecas Escolares e pela Visão Júnior, aberta às escolas de ensino básico, que propõe a realização de reportagens sobre as bibliotecas escolares.
1. Num tempo em que o confronto com o desvio linguístico se tornou banal, o padrão linguístico de cada país de língua portuguesa precisa urgentemente de ser descrito e fixado nos seus diferentes níveis de funcionamento. É, pois, de saudar a recente publicação de Fonética do Português Europeu: Descrição e Transcrição, de António Emiliano, professor de Linguística na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
2. A presença dos estrangeirismos no discurso tornou-se marca de estatuto privilegiado de diferença. Opondo-se a este estado de coisas, o escritor José Saramago apelou para a defesa da língua e criticou a sua «americanização». durante a cerimónia da edição de 2009 do Prémio Saramago, no discurso de elogio da escrita de As Três Vidas, de João Tordo, o vencedor do prémio. «Temos de defender e cultivar a nossa língua. A escrita tem de ser composta por 70% de linguagem, da mesma forma que o nosso corpo é composto por 70% de água» — são afirmações/convicções enunciadas pelo Nobel da Literatura que não deixam espaço para dúvidas.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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