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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

Toda a gente sabe que a palavra brasileiro é gentílico e não nome designativo de língua. Mas há a aceitação pacífica, no Brasil pelo menos, do termo português brasileiro. E, por exemplo, a notação «versão brasileira», que aparece nos DVD dos filmes de animação, também não causa grande estranheza aos falantes dos dois lados do oceano. A inconveniência está em que português brasileiro não pode ter como equivalente simétrico a designação português português,  pois tal não teria apenas o inconveniente da redundância, como invocaria uma falsa "genuinidade do idioma".

Daí as opções, vulgarizadas, por português de Portugal vs. português do Brasil. Há também quem opte pelas formulações alternativas de português europeu vs. português americano.

Porém, recorrer à menção do continente já não funciona para português de África ou português africano, porque aqui não há apenas um país que tem o português como língua oficial. A solução seria, então, falar em português de Angola, do português de Moçambique, do português de Cabo Verde, português de São Tomé e Príncipe e português da Guiné-Bissau. No entanto, estas designações fazem pressupor uma coisa que não existe, que é o levantamento sistemático dos traços idiossincráticos comuns do português falado em cada um destes territórios nacionais.

Donde se conclui que, mais uma vez, os problemas colocados pela terminologia vão sempre mais além da terminologia...

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O ensino estruturado tem impacto positivo no desempenho dos alunos. A investigação levada a cabo pela Fundação Lemann (Brasil) fornece dados empíricos que o confirmam. Este é mais um estudo comprovativo de que as virtudes da exposição abundante e não dirigida a input linguístico, num regime não intencional/não dirigido, só por si, não são suficientes na aquisição de competências.


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Chegam-nos pelas telenovelas brasileiras e vale a pena revisitá-las: as variações regionais da língua portuguesa no Brasil, em gama colorida na pronúncia e no léxico. No Rio Grande do Sul, patente é vaso sanitário (isto é, sanita), e em Florianópolis (Ilha de Santa Catarina), helicóptero é avião de rosca.


Não é apenas para diversão que reproduzimos aqui o vídeo de Kledir Ramil, mas para alertar para o alheamento dominante de professores de português portugueses (e, enfim, da população portuguesa em geral) em relação à variedade (e variedades) do português do Brasil — alheamento que leva ao ponto de não se reconhecer o brasileiro residente em Portugal como um falante nativo do português, conforme prova o aviso que a Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular (DGIDC) se viu na necessidade de publicar no seu sítio:

«Os alunos brasileiros, tendo o português como língua materna, não devem ser inseridos no PLNM [Português Língua não Materna] nem realizar este exame nacional.»

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«As democracias criaram sociedades em que os cidadãos já conquistaram um certo direito a falar livremente, mas ainda se está longe de alcançar o equivalente direito de ser ouvido» (António Victorino d'Almeida, Músicas da Minha Vida, Dom Quixote).

O mesmo se passa com a democratização da palavra nos blogues e nas redes sociais. Toda a pessoa é aqui um "ser escrevente", mas sem garantias de vir a ser lido. E há um dissuasor forte à leitura, que é o erro ortográfico: «Os erros são em palavras simples, que utilizamos no dia-a-dia, que lemos em panfletos, outdoors, em manchetes de jornais ou sites, em supermercados. Enfim, palavras de uso cotidiano, que não dependem do hábito da leitura para serem assimiladas.» É esta a realidade retratada por Lilian Gonçalves no sítio brasileiro Portal Literal. A escrita virtual vulgarizada põe às claras o que uma comunidade sabe e que atitude tem face ao rigor e ao conhecimento.

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A presença de termos e expressões idiomáticas de origem judaica na língua portuguesa é o tema do artigo de Jane Bichmacher de Glasman, da Universidade do estado do Rio de Janeiro. O artigo é válido não apenas pela listagem de exemplos, mas também pela síntese da história da deriva do povo judaico na Europa e nas terras do Novo Mundo, desde o século XV até ao século XX.



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1. Um português a ouvir o relato do jogo deste dia numa rádio brasileira o que ouviria? E um brasileiro a ouvir o mesmo jogo numa estação portuguesa? Que guarda-redes é goleiro, já se sabe, mas o que é um tiro de meta?

E que termos constarão no diário sul-africano Mercury, sediado em Durban e liderado pela luso-descendente Ângela Quintal, que sai neste dia com a primeira página e um suplemento inteiramente redigidos em português?

2. O Acordo Ortográfico está ou não está em vigor? Está – vinculado pelo tratado internacional dos Estados seus subscritores, como o impõem o normativo do direito internacional e as regras de interpretação do direito em geral. É o que sustenta o jurista Fernando Guerra, em artigo escrito especialmente para o Ciberdúvidas.

3. Ainda sobre o Acordo Ortográfico: o mais influente jornal português, o semanário Expresso, passou a ser editado desde 26 de Junho de 2010 segundo as novas regras da escrita oficial portuguesa, subscritas pelos oito países da CPLP. Todas as publicações do grupo Impresa passaram também a adoptar o Acordo Ortográfico. A explicação aqui.

4. A propósito: o Ciberdúvidas – que continua acessível nas duas ortografias oficiais ainda prevalecentes no espaço geográfico da língua portuguesa – aguarda a aplicação da nova reforma nas publicações oficiais do Estado português para seguir apenas as regras do Acordo de 1990.

5. No programa Páginas de Português (Antena 2, dia 27, 17h00*, também disponível em podcast): homenagem a José Saramago, revisitado numa entrevista dada no décimo aniversário da atribuição Prémio Nobel da Literatura. Falar-se-á ainda do projecto concebido e financiado pela Fundação Vodafone para o Ministério da Educação para manuais escolares especificamente destinados a alunos cegos ou com pouca visão. Quanto ao Acordo Ortográfico: que dúvidas sobre as novas regras?

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Há um verbo para designar a acção de dizer o que se crê falso: mentir. Mas não há nenhum verbo para referir o acto de acreditar numa mentira ou numa inverdade. Também não há nenhum verbo para designar a acção de acreditar no que se quer acreditar ou de desejar ser enganado. O português é uma língua analítica, cheia de construções perifrásticas, e na captação de um conceito nem sempre está envolvido um único lexema, mas vários.

Outro tema forte da actualização deste dia é a forma dos gentílicos: de Otava, Jacarta, Niassalândia e Riade.

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1. «Língua materna» é um termo técnico da área da aquisição da linguagem, mas é também um termo metafórico, que o poeta português Eugénio de Andrade soube explorar num texto de reflexão sobre língua e identidade, que divulgamos neste dia. E é certo: a psicologia dá como atestado o facto de a aquisição de uma proficiência avançada numa segunda língua coincidir com algumas mudanças de personalidade.

2. Acabou de sair o n.º 5 da revista Estudos Linguísticos/Linguistic Studies, do Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa. O volume reúne comunicações apresentadas na Conferência Internacional sobre Gramática e Texto – GRATO, nas áreas de morfologia, semântica, teoria do texto, análise do discurso e pragmática.

3. O Grupo de Fonologia do Centro de Linguística da Universidade do Porto organiza a III Jornada de Estudos Pós-Graduados em Fonologia. O evento decorre no dia 26 de Junho na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.


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1. Olhando para o Acordo na perspectiva de Evanildo Bechara, o documento afigura-se, apenas, como um regulador de excessos. É esse o cerne da entrevista ao linguista brasileiro, publicada no jornal Público. E os que continuam a resistir e que afirmam nunca vir a escrever pela bitola do Acordo? «Está certo. Porque uma mudança ortográfica não é para a geração que a faz.»

2. O fenómeno da regência é um dos tópicos prioritários no ensino do português língua segunda. Mas o certo é que o uso da preposição correcta a seguir ao verbo, nome ou adjectivo parece também oferecer dificuldades aos falantes nativos. Pelo menos, a levar em conta os erros que passam na imprensa, como, por exemplo: "participar de uma quadrilha"; "alertando ? que", "na hipótese em que"... Deixamos, neste dia, mais um esclarecimento sobre casos de regência nominal e verbal.

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Num filme de Hollywood, imperadores romanos, marcianos ou seres pré-diluvianos... todos falam, naturalmente, em inglês. Ou não fosse o cinema de massas a forma mais eficaz de divulgar uma língua. Há excepções: por exemplo, a do realizador de Avatar, que encomendou uma língua nova a um linguista; ou a de Mel Gibson, no filme A Paixão de Cristo, que pôs as personagens a falar aramaico, latim e hebraico.

Aparentemente, a tendência generaliza-se e, pela primeira vez, uma novela da Globo levou os seus actores à Universidade de São Paulo para aprenderem o léxico e a fonética do italiano. O objectivo é fazer com que os diálogos em que participam personagens oriundas da Toscana, Itália, se desenrolem numa pronúncia academicamente verosímil — mistura de português com italiano.