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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa


A VIII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP) vai decorrer no dia 23 de Julho em Luanda e tem uma ordem de trabalhos dominada pelo ensejo da Guiné Equatorial, país de língua oficial castelhana, de integrar a Comunidade.



O presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, no poder desde um golpe de Estado em 1979, é considerado um dos mais cruéis ditadores africanos. A Plataforma Portuguesa das ONG, Transparência e Integridade, Centro de Integridade Pública (Moçambique) e a Liga Guineense de Direitos Humanos publicaram já uma carta aberta aos líderes dos Estados da CPLP onde declaram o repúdio por essa possível adesão. Manuel Alegre, candidato à Presidência de Portugal, também fez uma declaração nesse sentido.



A conferência é marcada também por uma ausência, a do presidente Lula — falta justificada pela grave situação vivida no Brasil, provocada pelas cheias.



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1. - É um clássico em linguística, a Gramática Universal de Chomsky: quando a criança adquire uma língua, ela já possui um conhecimento inato do que todas as línguas têm em comum, incluindo o conhecimento sobre os constrangimentos que actuam no modo como cada língua pode, ou não pode, ser construída. É a faculdade de linguagem, uma herança biológica da espécie humana.

Mas, agora, uma investigação levada a cabo por linguistas da Universidade de Northumbria, no Reino Unido, mostra que alguns elementos básicos do inglês não são dominados por falantes nativos.

2. - Mentir a alguém, sobre alguma coisa, com todos os dentes: as preposições indicam-nos o esquema de realização sintáctica do verbo.

Sugerimos a este propósito a (re)leitura do artigo do professor Joaquim Fonseca, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, intitulado A centralidade do verbo no enunciado.

3. - Finalmente, uma referência aos temas dos programas Língua de Todos e Páginas de Português da semana ora finda. No primeiro, uma evocação do poeta Francisco José Tenreiro, a propósito do 35.º aniversário da independência de São Tomé e Príncipe (RDP África, sexta-feira, dia 9, 13h15*, com repetição no dia seguinte, às 9h15*); e, no segundo, o modismo flash interview  (Antena 2, domingo, dia 11, 17h00*, também disponível no sistema podcast da página na Internet da rádio e da televisão públicas portuguesas).

*Hora de Portugal continental

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O presidente da República de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, de visita a Cabo Verde, trouxe à luz aquilo que vem sendo uma evidência: a ausência, no âmbito dos países lusófonos, de acções efectivas e concertadas com vista à promoção do português: «A carência de recursos humanos que nos permitam responder devidamente às necessidades que comporta o ensino do Português, quer como língua nacional, quer como língua estrangeira, é uma questão que requer um esforço conjunto e solidário no quadro da CPLP.»

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Recentemente, o YouTube passou a activar um selo de qualidade – o YouTube Ready – para atestar a correcção linguística das legendas em inglês dos vídeos carregados pelos utilizadores., tal é a gama de erros que aí abunda.

Pois esta é uma iniciativa que se apresenta como um bom exemplo a seguir (e a generalizar) para o português: uma certificação de qualidade tipográfica e linguística para todos os produtos dos media (imprensa incluída), traduzidos para ou criados em português.

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Relevamos neste dia um trabalho da agência Lusa sobre três alunos chineses de Português na Universidade de Pequim e na Universidade de Xangai: o que os levou a estudar Português, quais os recursos de que dispõem e que variedade aprendem são alguns dos tópicos que servem de pano de fundo às entrevistas.

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As línguas de três países lusófonos presentes na Expo 2010, em Xangai, — Brasil, Cabo Verde e Timor-Leste — são o inglês e o chinês. A Guiné-Bissau até figura como país francófono, com o identificativo «Republique du Guinee-Bissau».

Pergunta-se:

• Que custos adicionais traria às organizações destes países expositores apresentarem também a sua documentação em português?

• Como quinta língua mais falada em todo o mundo, a probabilidade de falantes do português visitarem a exposição não é relativamente elevada?

• Com um público crescente a aprender português, inclusivamente na China, não é motivador, para o novo falante do português, ver/ler textos funcionais escritos em português?

E, finalmente, a pergunta resumativa: Como promover a língua portuguesa se ela não aparece nos eventos internacionais de grande impacto?

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Toda a gente sabe que a palavra brasileiro é gentílico e não nome designativo de língua. Mas há a aceitação pacífica, no Brasil pelo menos, do termo português brasileiro. E, por exemplo, a notação «versão brasileira», que aparece nos DVD dos filmes de animação, também não causa grande estranheza aos falantes dos dois lados do oceano. A inconveniência está em que português brasileiro não pode ter como equivalente simétrico a designação português português,  pois tal não teria apenas o inconveniente da redundância, como invocaria uma falsa "genuinidade do idioma".

Daí as opções, vulgarizadas, por português de Portugal vs. português do Brasil. Há também quem opte pelas formulações alternativas de português europeu vs. português americano.

Porém, recorrer à menção do continente já não funciona para português de África ou português africano, porque aqui não há apenas um país que tem o português como língua oficial. A solução seria, então, falar em português de Angola, do português de Moçambique, do português de Cabo Verde, português de São Tomé e Príncipe e português da Guiné-Bissau. No entanto, estas designações fazem pressupor uma coisa que não existe, que é o levantamento sistemático dos traços idiossincráticos comuns do português falado em cada um destes territórios nacionais.

Donde se conclui que, mais uma vez, os problemas colocados pela terminologia vão sempre mais além da terminologia...

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O ensino estruturado tem impacto positivo no desempenho dos alunos. A investigação levada a cabo pela Fundação Lemann (Brasil) fornece dados empíricos que o confirmam. Este é mais um estudo comprovativo de que as virtudes da exposição abundante e não dirigida a input linguístico, num regime não intencional/não dirigido, só por si, não são suficientes na aquisição de competências.


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Chegam-nos pelas telenovelas brasileiras e vale a pena revisitá-las: as variações regionais da língua portuguesa no Brasil, em gama colorida na pronúncia e no léxico. No Rio Grande do Sul, patente é vaso sanitário (isto é, sanita), e em Florianópolis (Ilha de Santa Catarina), helicóptero é avião de rosca.


Não é apenas para diversão que reproduzimos aqui o vídeo de Kledir Ramil, mas para alertar para o alheamento dominante de professores de português portugueses (e, enfim, da população portuguesa em geral) em relação à variedade (e variedades) do português do Brasil — alheamento que leva ao ponto de não se reconhecer o brasileiro residente em Portugal como um falante nativo do português, conforme prova o aviso que a Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular (DGIDC) se viu na necessidade de publicar no seu sítio:

«Os alunos brasileiros, tendo o português como língua materna, não devem ser inseridos no PLNM [Português Língua não Materna] nem realizar este exame nacional.»

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«As democracias criaram sociedades em que os cidadãos já conquistaram um certo direito a falar livremente, mas ainda se está longe de alcançar o equivalente direito de ser ouvido» (António Victorino d'Almeida, Músicas da Minha Vida, Dom Quixote).

O mesmo se passa com a democratização da palavra nos blogues e nas redes sociais. Toda a pessoa é aqui um "ser escrevente", mas sem garantias de vir a ser lido. E há um dissuasor forte à leitura, que é o erro ortográfico: «Os erros são em palavras simples, que utilizamos no dia-a-dia, que lemos em panfletos, outdoors, em manchetes de jornais ou sites, em supermercados. Enfim, palavras de uso cotidiano, que não dependem do hábito da leitura para serem assimiladas.» É esta a realidade retratada por Lilian Gonçalves no sítio brasileiro Portal Literal. A escrita virtual vulgarizada põe às claras o que uma comunidade sabe e que atitude tem face ao rigor e ao conhecimento.