Exibicional existe em português? Não está atestada, mas a palavra aparece na imprensa, pelo menos. Deve o falante comum, no encalço dos media, usar este e outros neologismos?
Ler, a propósito Mas que as há, há.
Aproveitamos para lembrar que o ILTEC tem um serviço de registo de neologismos e que conta com a participação de todos para o reforço da sua base de dados. Consultar o Observatório de Neologia do Português aqui.
Eis o que consta do documento Revisão da Terminologia Linguística para os ensinos básico e secundário:
«Esta opção obrigará a que os professores reconheçam que este não é um instrumento auto-suficiente, devendo, para a sua formação, docência e construção de materiais, recolher informação junto de outras fontes (gramáticas, estudos de linguística e didática da língua, prontuários, etc.).»
Quer isto dizer, por exemplo, que na frase «Ele trabalhava calado», o constituinte sublinhado é um predicativo do sujeito, mesmo que o exemplo que consta no verbete para o predicativo do sujeito não contemple senão casos de predicativo com verbo copulativo.
Damos, neste dia, merecido destaque a mais um excelente artigo de Sírio Possenti, linguista da Universidade Estadual de Campinas, sobre a ação judicial levantada pelo Ministério Público de Uberlândia contra o Dicionário Houaiss:
«Pedir que a edição seja recolhida ou modificada é equivalente a pedir que se retirem animais de catálogos da fauna, ou que livros de anatomia suprimam órgãos ou partes do corpo que pareçam ofensivos (intestino grosso, pênis, cordas vocais etc., conforme o gosto ou o olhar do leitor – você já viu cordas vocais de perto?).» Ler o artigo na íntegra aqui.
A Ciberescola, na secção Cibercursos da Língua Portuguesa, e o Laboratório de Sistemas de Línguas Faladas do INESC-ID têm o prazer de anunciar o Curso Ouvir e Falar em Português, com início no próximo dia 2 de abril, com a duração de três meses, destinado a aprendentes com pelo menos 6 meses de aprendizagem formal do português como língua estrangeira/língua segunda. O curso é ministrado integralmente a distância em grupos de não mais de cinco alunos. As atividades a desenvolver visam não apenas o desenvolvimento da fluência na produção oral e pronúncia, mas também a aquisição de vocabulário, a automatização de estruturas e a habilidade de construção de discursos orais formais e regulados.
O curso é gratuito e à Ciberescola cabe a inteira responsabilidade de seleção dos candidatos.
Os candidatos podem fazer o teste diagnóstico e preencher o formulário aqui.
«As línguas não estatais e as novas tecnologias da informação e da comunicação» é o título do congresso a ter lugar dia 8 de março no Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro. O congresso aguarda a participação de linguistas, jornalistas, escritores e interessados nas línguas não estatais – neste caso, no aragonês, aranês, asturiano, catalão, galego e mirandês.
O epíteto «animada cumbersa» que lhe é atribuído na página da Universidade de Aveiro promete tudo de bom para um congresso.
A ação judicial que o Ministério Público Federal da Uberlândia levantou contra o Dicionário Houaiss, por considerar que a entrada para cigano contém menções xenófobas, tem pelo menos o mérito de nos levar à reflexão sobre o que é o trabalho do lexicógrafo e, por conseguinte, em que consiste a arte de construção de um dicionário. No caso em apreço, poderia (e deveria) a entrada para cigano deixar de refletir os usos culturais pejorativos que efetivamente têm lugar na comunicação?
«No dia em que registrar os valores depreciativos que certos vocábulos assumiram ao longo do tempo for considerado um crime, nossa língua — ou, melhor, nossa civilização — terá embarcado numa viagem sem volta para a noite escura da desmemória», escreve Cláudio Moreno, no Luis Nassif Online.
Vale a pena ver, por exemplo, o que consta do dicionário em linha Priberam:
«cigano
(talvez do francês antigo cigain, atualmente tsigane ou tzigane)
adj.
1. Relativo a ou próprio dos ciganos (ex. canto cigano). = ZÍNGARO
adj. s. m.
2. Diz-se de ou indivíduo pertencente aos ciganos, povo nómada, de origem asiática, que se espalhou pelo mundo. = MANUCHE, ZÍNGARO
3. [Informal] Que ou aquele leva vida errante.
4. [Informal] Que ou aquele tem arte e graça para captar as vontades.
5. [Pejorativo] Que ou quem age com astúcia para enganar ou burlar alguém. = BURLÃO, IMPOSTOR, TRAPACEIRO, VELHACO
6. [Pejorativo] Que ou aquele é excessivamente agarrado ao dinheiro. = AVARENTO, SOVINA»
Ainda a propósito da ação judicial lançada contra o Dicionário Houaiss, sobre a alegada presença de definições racistas, lê-se na Folha de S. Paulo:
«O Houaiss não tem mais "cigano" na sua versão eletrônica. O sumiço ocorreu após ação do Ministério Público Federal para retirar do dicionário "referências preconceituosas" e "racistas" contra ciganos. Ontem, quem digitasse "cigano" na versão eletrônica do Houaiss, disponível no UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha, encontrava aviso de que a "palavra não foi encontrada".»
O Ministério Público Federal da Uberlândia interpôs uma ação contra a Editora Objetiva, responsável pela edição do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, no sentido de impor a imediata retirada de circulação da obra e a suspensão de novas edições. Em causa está na alegada presença de expressões pejorativas em relação a cidadãos de etnia cigana.
Ler também:
MPF de Uberlândia pede que Dicionário Houaiss seja recolhido
MPF vai à Justiça para mudar verbete do Dicionário Houaiss
Deixamos aqui algumas reações às declarações do secretário de Estado da Cultura português, Francisco José Viegas, admitindo alterações ao Acordo Ortográfico nos casos mais controversos das consoantes mudas e das facultatividades previstas no texto que se encontra já em vigor no Brasil e em Portugal. Reações de indignação (por exemplo, do linguista brasileiro Godofredo de Oliveira Neto, membro da Comissão Científica do Instituto Internacional da Língua Portuguesa), de perplexidade (da ex-ministra da Cultura de Portugal Isabel Pires de Lima: «Não vejo como é que poderia voltar atrás»), de preocupação (manifestada pelo professor Carlos Reis), mas também de alguma confusão instalada na escolas portuguesas, onde a nova reforma já está a ser aplicada desde setembro último. E, também, de novo alento para a corrente anti-AO em Portugal.
A Comissão Europeia já confirmou a sua disponibilidade para financiar os próximos dois anos de serviço Euronews em português. O documento oficial reitera a visão de que a Euronews tem um «papel único na cobertura dos assuntos europeus e como promotora do multilinguismo». |
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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