1. Em Portugal, pelo menos, no seu território continental, o mês de setembro de 2018 terá sido o mais quente desde que há registos, fazendo o tempo estival prolongar-se fora de época. Nas conversas, fala-se em "verouno", amálgama dos nomes verão e outono. E para referir o calor forte emprega-se canícula, uma palavra que herdámos da Antiguidade romana, como recorda Guilherme de Almeida, professor e especialista em Física, num texto que se disponibiliza na rubrica O nosso idioma.
2. No consultório, uma questão de estilística centra-se num modismo recente em Portugal, «aquilo que é», em frases como «falo daquilo que é a minha preocupação», em lugar da formulação «falo da minha preocupação», muito mais simples. Outra diz respeito à semântica de haver usado como auxiliar («hás de pagar esta dívida»). Regressa também a etimologia, com a obscura origem do topónimo Leiria (centro de Portugal) e um tópico muito discutido mas ainda mal conhecido, o do contributo das línguas célticas para do léxico comum português.
3. As relações estreitas dos países de língua portuguesa com a Galiza justificam dar atenção redobrada a certas notícias de Espanha, país onde a diversidade linguística é sempre tema polémico. Propondo suprimir o requisito de o conhecimento das línguas cooficiais ser condição para o emprego público nas comunidades autónomas bilingues, o deputado Toni Cantó declarou que «é um facto que o castelhano desapareceu de lugares como a Catalunha, as Baleares, a Comunidade Valenciana, o País Basco ou a Galiza». Contudo, no caso galego, a realidade é o castelhano ganhar cada vez mais terreno, ao ponto de o secretário da Real Academia Galega, Henrique Monteagudo, desmentir a afirmação do referido político e considerar que se está a faltar à verdade para minar ainda mais o estatuto da língua vernácula daquela região: «Como non existen datos reais nin argumentos lóxicos que sustenten unha política discriminatoria cara [=face] aos falantes das linguas cooficiais, só queda o recurso á mentira e á demagoxia. [...] Créase así un mundo do revés, onde a vítima é verdugo e o castelán [=castelhano] desapareceu de Galicia.»
4. Outros ecos da atualidade: o interesse em aumento do mercado de trabalho asiático pela língua portuguesa; entre os Estados ibero-americanos, a criação de um programa inovador para difusão da língua portuguesa; e o referendo pouco conclusivo realizado na República de Macedónia em 30/09/2018 para decidir sobre a mudança de nome deste país* – para República da Macedónia do Norte.
* A este caso, somam-se, nos últimos 50 anos ou mais, muitos outros, de países que adotaram um novo nome ou que estão envolvidos em polémicas à volta da sua denominação oficial. Entre páginas sobre o assunto, dispersas pela Internet, consultem-se, por exemplo, "Países extintos ou que mudaram de nome", "10 países que mudaram de nome" ou "Estes países também mudaram de nome nas últimas décadas". No Código de Redação Interinstituconal para o uso do português na União Europeia, encontra-se uma lista muito útil e atualizada de nomes dos Estados e territórios.