1. Com as palavras parónimas todo o cuidado é pouco: basta lembrar a repetida troca de discriminar por descriminar ou a confusão infantil entre cumprimento e comprimento. A propósito de paronímia e de mais um par traiçoeiro, a rubrica O nosso idioma inclui uma nova crónica do professor e jornalista angolano Edno Pimentel, que, aludindo a outras "-nímias" da língua portuguesa (sinonímia, antonímia, antroponímia), salienta o contraste ortográfico, semântico e etimológico entre dispensa e despensa. Quanto às dúvidas em foco no consultório, descreve-se a função discursiva da expressão «convenhamos», reflete-se sobre a classe gramatical dos nomes das notas musicais e comenta-se a morfologia dos termos gramaticais preposição, pronome e advérbio.
2. Em Portugal, um acontecimento trágico (três jovens colhidos por um comboio no apeadeiro de Águas Santas, na região do Porto), levou a informação mediática a empregar sem hesitações (e bem) as formas grafiteiro e grafitar, derivadas do aportuguesamento grafito ou do empréstimo italiano graffito, mais usado no plural – graffiti –, para designar «desenho, inscrição, assinatura ou afim, feito geralmente com tinta de spray, em muros, paredes e outras superfícies urbanas» (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, consultado em 11/11/2015)*. Recorde-se que, na linguagem popular, esta arte urbana antes era por vezes chamada "pinchagens", mas as notícias sugerem que as palavras derivadas grafiteiro e grafitar, de resto, já dicionarizadas, poderão dar oportunidade à generalização de grafito, em concorrência com grafíti, que igualmente aparece em referência específica a esse tipo de inscrições e como adaptação mais direta do italiano graffiti (ver dicionário Priberam; consultar ainda resposta "Os graffiti" e o apontamento Grafite(s) é outra coisa).
* Refira-se que no Brasil, a par de grafito, se usa e aceita grafite, no género masculino, como aportuguesamento de graffiti (cf. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, edição brasileira de 2001; ler também, na revista brasileira Veja, de 16/08/2011, o artigo "A grafite e o grafite: parece, mas não é", de Sérgio Rodrigues, e texto do blogue Dicionarioegramática.com, em 27/09/2015). Regista-se também pichação, mas como designação de simples escritos ou rabiscos inscritos sobre mutos e paredes de edifícios (idem).
3. No programa Língua de Todos, que vai para o ar na sexta-feira, 11 de dezembro (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 12 de dezembro, depois do noticiário das 9h00*), Sandra Duarte Tavares esclarece várias dúvidas frequentes no uso da língua portuguesa. O Páginas de Português de domingo, 13 de dezembro (às 17h00*, na Antena 2), foca também diferentes questões linguísticas.
* Hora oficial de Portugal continental.