A guerra civil na Síria – pontuada de acontecimentos gravíssimos como «a situação em Yarmouk [que] desceu aos mais baixos níveis de desumanidade», e que, até à data, provocou 220 mil mortos, quase quatro milhões de refugiados para os países limítrofes e cerca de, 6,7 milhões de deslocados no interior do dilacerado território sírio – é todo um cenário de incomensurável tragédia... humana. Como adequadamente se descreve numa notícia desenvolvida no jornal português Público deste dia e, depois, no respetivo Editorial – com a apropriada distinção nos qualificativos utilizados conforme o que tem conotação negativa (catástrofe, tragédia, caos, desgraça... humana) e o seu oposto (assistência, socorro, missões... humanitárias). Um excelente exemplo* que bem podia ser seguido por quantos, nos demais media nacionais, persistem no erro tantas vezes aqui assinalado.
[Vide, a este propósito: O inapropriado uso do adjectivo humanitário; Humanitário ≠ humano; Humanitário?; Errar também será "humanitário"?; Errar é humanitário?...; Como é que uma tragédia pode ser "humanitária"!?; Quando é que um drama pode ser "humanitário"?!; Caos "humanitário"?!; Humanitário e humano.]
* Um (acertado) rigor que não se vê noutras situações de mau uso da língua no mesmo jornal – como é o caso da adoção da anómala grafia "jihadista", em vez da forma jiadista, como acertadamente seguem o semanário Expresso e o diário Jornal de Notícias. Sobre as razões que fundamentam a rejeição da grafia "jihadista", leia-se Porquê jiadista, e não "jihadista", O anómalo "jihadista" e "Jihadistas" contra jiadistas.
Ainda em Portugal, refira-se a publicação, para discussão pública, de um novo Programa de Português do Ensino Básico, com o qual o Ministério da Educação e Ciência pretende substituir o atual documento orientador. A proposta motivou um parecer muito crítico de João Costa, linguista e professor catedrático da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (Universidade Nova), que, entre outras considerações, observa: «Os documentos orientadores para o ensino da língua têm, nos últimos vinte anos, seguido uma trajetória assente nas conclusões da investigação que é feita sobre ensino da língua, psicolinguística, aquisição e desenvolvimento da linguagem e literacia. O Programa agora apresentado, na sua organização, ignora a maior parte dessa investigação, o que é absolutamente evidente na bibliografia apresentada e no texto introdutório.»
A história da ortografia do português está em foco em duas novas perguntas do consultório, que inclui ainda um comentário sobre a expressão «prazer dos sentidos».
O poeta português Herberto Helder (1930-2015) é evocado no programa de rádio Língua de Todos de sexta-feira, 10 de abril (às 13h30*, na RDP África; com repetição no dia seguinte, 11 de abril, às 9h10*), com uma entrevista a Fernando Pinto do Amaral, comissário do Plano Nacional de Leitura. O Páginas de Português, transmitido no domingo, 12 de março, às 17h00* na Antena 2, também se associa à homenagem e convida o poeta Gastão Cruz.
* Hora oficial de Portugal continental, ficando também disponível via Internet, nos endereços de ambos os programas.