1. A COP27 (sigla inglesa para Conference of the Parties), conhecida também como Cimeira do Clima, tem lugar em Sharm el Sheikh, no Egito, entre 6 e 18 de novembro. Este encontro, que conta com representantes de 200 países, é, como alertou António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, de importância decisiva, pois aqui procura-se uma resposta para o «desafio central do século». Com um discurso incisivo, centrado na ideia de que o problema das alterações climáticas não deve ser relegado para segundo plano, Guterres usou a metáfora da velocidade para mostrar o quão rapidamente se avança para um ponto de não retorno, que associou à destruição total: «Estamos numa autoestrada para o inferno, com o pé no acelerador», afirmou. No plano linguístico, a COP27 traz para primeiro plano expressões que apontam para aspetos que contribuem para a degradação do planeta («alterações climáticas», «aquecimento global», «combustíveis fósseis», «pegada carbónica», «fenómenos climáticos extremos», «temperatura global») e outras que assinalam caminhos que poderão conduzir à salvação do planeta («adaptação climática», «desenvolvimento sustentável», «investimento sustentável», «neutralidade carbónica», descarbonização, «energias alternativas»). A atual situação traz ainda um neologismo, a palavra ecocídio, formada a partir dos elementos compositivo eco- e -cídio, que significa a «destruição metódica de um ecossistema ou de uma comunidade vegetal ou animal». A este propósito ainda da questão do clima e das temperaturas, recorda-se que a grafia correta de graus centígrados é °C (pequeno círculo superior à linha, sem sublinhado e sem ponto, seguido, sem espaço, de C).
Outros termos relacionados com as questões que esta cimeira convoca poderão ser encontrados no artigo «Palavras e expressões da crise climática mundial». E ainda: "Do clima à ortografia" + "Climático" + "Climatérico"
2. Em A covid-19 na língua, deixamos registo da expressão «pandemia tripla», que se refere às três doenças que ameaçam alastrar de forma proeminente neste inverno que se avizinha.
3. A Construção «bem mal» pode ser equivalente a «muito mal»? Esta questão abre o Consultório, centrando-se numa abordagem aos usos e à diversidade de significações que são exploradas pela língua. Nesta atualização, ficam disponíveis ainda outras cinco novas respostas: «A grafia de reflito e reflita em 1940», «Porque a começar frase», «Modalidade epistémica com valor de possibilidade: «as explicações podem ser encontradas», «Sessepe, serelé, arredobrar-se (Guimarães Rosa)» e «Terém».
4. A professora Carla Marques retoma a questão da concordância do verbo. Desta feita, para analisar o fenómeno quando em presença da expressão «a maior parte» (texto divulgado no programa Páginas de Português da Antena 2).
5. Na rubrica Montra de Livros, apresentamos o livro Histórias do Mundo (Lidel), de Ana Sousa Martins e Ana Paula Gonçalves, destinado à aprendizagem do português por meio de um processo de leitura extensiva.
6. Os fenómenos de correção e de hipercorreção estão muito associados ao uso da língua e levam, não raro, à condenação de determinadas opções linguísticas. Entre eles, podemos assinalar o plural de saudade ou a expressão «maior atenção», o que, na ótica de Gabriel Lago, revisor e escritor brasileiro, não respeita os usos ou a expressividade da língua, tal como argumenta no artigo "Alho não tem dente" (transcrito com a devida vénia).