1. A concordância entre o sujeito e o verbo nem sempre é um processo gramatical inequívoco. O facto de o sujeito poder assumir diferentes naturezas e a possibilidade de incluir combinações diversificadas de palavras podem abrir espaço a concordâncias distintas. O caso particular dos sujeitos introduzidos por um pronome interrogativo seguido do sintagma preposicional «de nós» ou «de vós» tem suscitado posições distintas entre os gramáticos: o verbo deve concordar com quais ou com nós/vós? Esta é uma das respostas disponibilizadas no Consultório, onde também se analisa a questão da pertença da expressão corrrelativa «seja... seja» à classe das locuções conjuncionais disjuntivas. A ortografia volta a ser um tema central nas questões colocadas no espaço do consultório, por um lado, a propósito da grafia de palavras introduzidas pelo prefixo trans-, e, por outro, relativamente ao uso de hífen na expressão «casa editora». Para concluir, regressamos à etimologia e significado dos topónimos. Desta feita, analisa-se o substantivo próprio (que também tem uso como substantivo comum) Rocim.
2. A colocação de vírgulas pode condicionar a interpretação de toda uma frase. No Pelourinho, explica-se como, no concurso televisivo Joker, da RTP1, um mau uso da vírgula conduziu à afirmação de que Abraham Lincoln é o atual presidente dos Estados Unidos.
3. A propagação do coronavírus continua imparável com mais de 17 000 pessoas infetadas e cerca de 362 mortos (cf. dossiê sobre o assunto no jornal Público e aqui). No plano linguístico, este fenómeno está a motivar um uso muito frequente de palavras como quarentena que, embora na sua origem apontasse para um intervalo de tempo de 40 dias, no contexto atual significa «período de isolamento necessário de pessoas portadoras ou supostas portadoras de doenças contagiosas, como forma de proteção contra a propagação da doença», o que poderá não corresponder, portanto, a 40 dias (cf. Infopédia). Verifica-se também o uso de assintomático em expressões como «propagação assintomática», «pacientes assintomáticos», «incubação assintomática» ou «infeção assintomática». Em todos estes contextos, o adjetivo significa «que não revela sintomas percetíveis de doença» (cf. Priberam). Destaque também para a expressão «período de incubação», que se refere ao período que medeia entre a exposição, neste caso, ao vírus até ao aparecimento da doença ou dos seus primeiros sintomas, período este que é variável de doença para doença. Outra palavra muito recorrente no espaço mediático é epicentro, termo que se refere ao núcleo do acontecimento, pelo que não deve ser utilizado na expressão «epicentro do foco», que será redundante. Neste contexto linguístico, recordamos ainda respostas relacionadas com o tema, disponíveis no Consultório: «Os vírus», «Um vírus nem sempre foi um vírus», «Viral, virótico e vírico», «Pandemia, epidemia e endemia», «Patologia» e «Zica: como nomear um vírus e um mosquito, entre outras dúvidas».
4. Fernando Pessoa, um dos poetas maiores da língua, foi convertido em herói de banda desenhada pelas mãos de Miguel Moreira e de Catarina Verdier, autor e ilustradora da obra As aventuras de Fernando Pessoa, escritor universal (da Parceria A. M. Pereira). Um livro que trata a biografia pessoana e enquadra alguns dos poemas do autor mais divulgados entre os leitores (vídeo disponível aqui).
5. A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) fez saber que estão abertas as candidaturas ao «Prémio José Aparecido de Oliveira», um prémio bienal que vai na sua 5.ª edição e que visa homenagear pessoas ou instituições que se distingam na defesa e promoção dos objetivos e valores da CPLP. Este prémio agraciou já individualidades como Xanana Gusmão, antigo presidente de Timor-Leste, em 2014, ou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas António Guterres, em 2018.