1. O campo de concentração de Auschwitz foi libertado há 75 anos. No dia 27 de janeiro de 1945, as tropas soviéticas invadiram o campo devolvendo a liberdade aos que nele ainda permaneciam. Este dia é comemorado em todo o mundo como o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto (designação atribuída pela Assembleia Geral das Nações Unidas) (ver notícia). A memória deste período trágico da humanidade é um processo que poderá ser fundamental para impedir a repetição de factos históricos tão terríveis como os que foram vividos em Auschwitz, em particular neste momento em que os extremismos voltam a ganhar força e o antissemistismo parece conquistar seguidores em muitos locais deste nosso planeta. Contar e relembrar histórias, como a de Michael Fresco, o único português a ter estado em Auschwitz, é também fundamental para prevenir o fortalecimento das teses negacionistas, que, aqui e além, vão surgindo como tentativa de reescrever os factos. A rejeição deste fenómeno é também feita por palavras que devem ser pronunciadas e por outras que devem ser silenciadas. Esta verdade serve de mote para recordarmos alguns textos do Ciberdúvidas relacionados com léxico alusivo ao tema: Holocausto, uma palavra para não esquecer, A grafia de holocausto, Holocausto, sem aspas, Nazi, nazista, liberal e liberalista, A insistência no "islamita"..., Gentílicos vários e membros da tribo de José, Judia/judaica, e Ainda os prefixos anti- e contra-. Ver, ainda. o vídeo feito pela France Inter, quando se assinalaram os 70 anos da libertação do campo de concentração e extermínio do nazismo, aqui. E: Sobreviventes voltam a Auschwitz, 75 anos após a libertação do campo da morte.
Fotos de Auschwitz: Getty Images
2. A propósito do aniversário da libertação de Auschwitz, a Fundéu BBVA divulgou um conjunto de recomendações para o espanhol. Aqui fazemos eco de algumas delas que também são pertinentes para a língua portuguesa: septuagésimo quinto pode ser referido como ordinal (75.º) ou como cardinal (75); a palavra holocausto pode ser grafada com maiúscula ou com minúscula em função do seu significado (ver explicação em «A grafia de holocausto») e o substantivo negacionismo e o adjetivo negacionista são os termos adequados para referir a negação de factos que podem ser verificados empiricamente (como é o caso do Holocausto).
3. Os usos do verbo faltar constituem uma das áreas críticas do português, sobretudo quando o que está em causa é a sua flexão. Convém, então, recordar, que este verbo é pessoal, ou seja, tem sujeito, e não se constrói com complemento direto. Assim, a sua flexão em enunciados como «Faltam cinco dias» ou «Falta fazer as malas» é o resultado da concordância sujeito-verbo. É neste contexto que no Consultório se analisa a função sintática de constituintes que acompanham o verbo faltar e se determina a natureza das orações que o modificam. Nesta atualização, regressamos à identificação da classe de pertença de uma palavra, neste caso dupla, na expressão «forma dupla». Apresentamos também respostas sobre a origem do topónimo Guimbra (localidade de Espinho, Aveiro), sobre a correção da expressão «fazer skate» e sobre a existência do termo mopa face a esfregona.
4. Na rubrica Montra de Livros, divulga-se a obra do jornalista português Germano Silva, intitulada Porto, Profissões (quase) Desaparecidas, com a chancela da Porto Editora. Uma obra que recorda 33 profissões da cidade do Porto, entretanto desaparecidas (ou adaptadas), trazendo consigo os pregões, as características dos ofícios, a sua origem histórica e o seu contexto social. Afirma José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas, «só alguém como Germano Silva nos podia dar este tão saboroso Porto, Profissões (quase) Desaparecidas – ele que conhece como poucos a sua cidade».
5. O movimento reintegracionista que pretende aproximar o galego do português tem conquistado maior visibilidade no panorama nacional e internacional. Em entrevista ao escritor Nuno Gomes Garcia, Eduardo Maragoto, Presidente da Associação Galega da Língua, fala dos objetivos do reintegracionismo, da origem comum do galego e do português e do estado atual da língua galega (entrevista à Rádio Alfa, transcrita no Lusojornal).
6. Entre as notícias de relevo para a língua, destacamos:
– Uma ideia original que chega de Espanha: uma professora criou o "Hospital Ortográfico de Valladolid", espaço para onde vão as palavras que são "massacradas" pelos alunos. Em função da gravidade dos erros, as palavras passarão mais ou menos dias "internadas" (notícia). Uma ideia criativa em defesa da língua espanhola. Por cá, este hospital também teria muitos pacientes, com toda a certeza;
– O Instituto Português do Oriente, o Camões - Instituto da Cooperação e da língua e a Universidade de Macau anunciaram que vão lançar um concurso anual de tradução de língua portuguesa para chinês e de chinês para língua portuguesa. Este concurso terá, todos os anos, um tema específico e contemplará rotativamente diferentes géneros (poesia, conto, crónica) (notícia).