O termo – de origem francesa – é croquis e não "croqui". Em francês pronuncia-se /croquí/; daí a deturpação do original, assim registada nos dicionários brasileiros. Nos portugueses é o vocábulo francês que se atesta, confirmando a sua consagração há muito entre nós – croquis –, remetendo, todos eles, para o que já tínhamos na língua portuguesa exactamente com o mesmo significado: "esboço", "borrão", "debuxo", "rascunho", "traça", etc.
Em matéria de estrangeirismos, nada melhor do que lembrarmo-nos do que escreveu Rodrigues Lapa, na sua celebrada Estilística da Língua Portuguesa (Seara Nova, Lisboa), :
«O estrangeirismo é um fenómeno natural, que revela a existência de uma certa mentalidade comum. Os povos que dependem económica e intelectualmente de outros não podem deixar de adoptar, com os produtos e ideias vindas de fora, certas formas de linguagem que lhes não são próprias. O ponto está em não permitir abusos e limitar essa importação linguística ao razoável e necessário. Contido nestes limites, o estrangeirismo tem vantagens: aumenta o poder expressivo das línguas, esbate a diferença dos idiomas, tornando-os mais compreensivos, e facilita, por isso mesmo, a comunicação das ideias gerais. Uma coisa é necessária, quando o estrangeirismo assentou já raízes na língua nacional: vesti-lo à portuguesa.»