Bem pertence a uma subclasse dos advérbios modificadores de frase, a dos advérbios conectivos, conforme refere João Costa, em O Advérbio em Português Europeu (Lisboa, Edições Colibri, pág. 53/54). Os advérbios conectivos «desempenham uma função textual, estabelecendo relações e nexos entre frases ou constituintes» (ibidem). Em relação ao uso de bem em frases como a apresentada na pergunta, João Costa explica que «[...] o advérbio bem [...] só pode ser interpretado como advérbio conectivo [...] [quando se encontra] em posição inicial de frase, seguido de uma pausa». É o caso da frase em análise.
Do ponto de vista da gramática tradicional, há uma certa dificuldade em precisar a função sintáctica deste uso de bem. Em princípio, classificar-se-ia como um complemento circunstancial. No entanto, mesmo em gramáticas tradicionais é manifesta a consciência de os advérbios constituírem uma classe funcional e semanticamente heterogénea; por exemplo, Celso Cunha e Lindley Cintra, na Nova Gramática do Português Contemporâneo (pág. 538), advertem que «[...] alguns advérbios aparecem, não raro, modificando toda a oração». Saliente-se que, à luz de abordagens mais recentes, que integram resultados da investigação em linguística e visam o contexto escolar, como é o caso do Dicionário Terminológico (DT), é adequado analisar sintacticamente o advérbio conectivo bem como um modificador de frase.