A frase a que se refere usa-se apenas de modo jocoso, em alternativa à expressão «quando já era nascido»:
«Mas isso foi há muitos anos, na idade do fogareiro e do candeeiro de chaminé, e nessa altura ainda ele não era nascido» (José Cardoso Pires, A República dos Corvos, 1999, in Corpus do Português).
Note-se que, apesar de nascer ser um verbo intransitivo e não admitir voz passiva, a expressão «ser nascido» é frequentemente usada no imperfeito como maneira de o falante referenciar datas e acontecimentos em relação à sua própria biografia ou à de outra pessoa: «quando a guerra começou, eu já era/ainda não era nascido»; «quando o muro de Berlim caiu, ela ainda não era nascido». É equivalente ao pretérito mais-que-perfeito do verbo nascer: «quando a guerra começou, eu já tinha nascido.» Para salientar o facto de alguém ser contemporâneo de uma dada época passada ou se encontrar vivo no momento em que se fala, emprega-se «era/é vivo»: «O meu trisavô era vivo, quando o Homem chegou à Lua»; «O meu tetravô ainda é vivo.»