Trabalhador não é um adjetivo relacional, porque não «instancia uma relação de agente ou posse relativamente ao nome» (cf. Dicionário Terminológico) que constitui a sua base de derivação. Por outras palavras , em contraste com «invasão americana» (cf. idem), parafraseável por «invasão organizada pelos americanos» ou «invasão dos americanos», «trabalhador» em «homem trabalhador» não é equivalente a «trabalho feito por um homem» ou «homem do trabalho», mas, sim, a «homem que trabalha (muito)».
É de facto agramatical a sequência *«trabalhador homem» (* = agramaticalidade), se com isto se quer significar «homem que é trabalhador». Mas a impossibilidade de empregar trabalhador antes do nome que modifica não é só por si indicativa de adjetivo relacional. Note-se, além disso, que trabalhador admite a variação em grau — «homem muito trabalhador» —, o que não acontece com americano em «invasão americana»: *«invasão muito americana»1.
1 Americano só admitirá flexão em resultado de um processo de intensificação que tem em vista a interpretação «tipicamente americano» ou «repleto de americanos»: «o ambiente era muito americano».