Em primeiro lugar, aconselho-o a ler as respostas do Ciberdúvidas precisamentre sobre a diferença entre Ter a ver e ter a haver, Ainda o ter a haver e o ter a ver e Ainda à volta do ter a ver/ter que ver/ter a haver....
A resposta que formulamos baseou-se no excerto que nos enviou, uma vez que não tivemos acesso a toda frase e à parte do texto em que está inserida para se poder compreender o seu sentido e, a partir daí, não ficar qualquer réstia de dúvida. Mesmo assim, se tivermos em conta a estrutura do enunciado que nos apresenta — «nada tem a haver daí, dado que...» —, devido à presença de «daí» (contracção da preposição de + advérbio de lugar aí) seguido de vírgula, parece-nos estarmos em presença de um caso de uso do verbo haver (e da expressão ter a haver), pelas seguintes razões:
1. Ter a haver significa «ter a receber». A haver, expressão usual do domínio da contabilidade = «a receber», obriga a construção a haver de (de quem — da pessoa, de onde — da empresa), isto é, a preposição de vai indicar a origem do objecto a receber, assim como «ter a receber de» (de quem). Celso Pedro Luft, no Dicionário Prático de Regência Verbal, apresenta-nos a frase «De quem houveram tal bem», para exemplificar a obrigatoriedade da preposição de (no complemento indirecto) na construção com o verbo haver, com o sentido de «receber».
2. Os verbos receber e haver (com sentido de «receber») são transitvos directos e indirectos, que implicam a presença do complemento/objecto directo — o quê (o objecto que se recebe) ou a quantia (o valor monetário) — e do complemento indirecto (de quem — da pessoa ou da empresa/instituição) —, como se pode ver na frase: «Eu tenho a receber esta quantia de tal empresa.»
Não se aceita, nesse excerto, a expressão ter a ver, pois isso pressupunha uma construção com a preposição com. Dir-se-ia, então «Não tem nada a ver com isso, daí que…». Poder-se-ia, também, aceitar ter a ver, se, no excerto apresentado, «daí» estivesse após a vírgula, o que teria um sentido conclusivo tal como «portanto, logo, então». Se não, vejamos: «Nada tem a ver (com isso), daí que…»