Há aqui uma diferençazinha, trazida pelo hífen, que é preciso sentir bem para que não se tenha dúvidas sobre a grafia correcta daquilo que pretendemos escrever. É a mesma que acontece entre bom dia (sem hífen) e bom-dia (com ele). Quando se deseja um dia bom a alguém, o hífen não tem lugar nessa saudação matinal: «Bom dia, Ana!» «Muito bom dia, sr. Alfredo!» O que é hifenizado é o nome dessa saudação: «O bom-dia do Alfredo é sempre dado com maus modos, não é?»
O mesmo acontece com boas-festas/boas festas. Não se emprega hífen quando se deseja que alguém tenha umas festas felizes, ou um Natal agradável, ou um ano novo cheio de prosperidades: «Boa tarde, Ana, boas férias e boas festas!» O que é hifenizado é o nome dessa saudação: «Por esta altura, é normal as pessoas darem as boas-festas». Repare, por exemplo, que não há nenhuma saudação chamada "feliz-natal", nem "bom-ano-novo". Mas já temos os bons-dias, as boas-tardes, as boas-noites e... as boas-festas.
Com o ano-novo passa-se algo de muito semelhante. Nesta altura, é vulgar desejar às pessoas um feliz ano novo. Mas esta designação, «ano novo», é a mesma que se usa para designar a festa ou a altura da passagem do ano, diferença que na escrita se assinala por meio de hífen. Assim, quando se deseja um «bom ano novo» (sem hífen), deseja-se que os próximos 365 dias que se iniciam em Janeiro sejam muito felizes; quando se deseja um «bom ano-novo», com hífen, deseja-se que essa passagem de ano, ou a festa que a assinala, seja muito agradável.
Despeço-me deixando aqui as minhas boas-festas (com hífen): Boas festas (sem hífen) para todos! etc.