Quando o consulente fala do que é errado numa escola de Portugal, está certamente a referir-se só à utilização de características do português falado no Brasil em situações de avaliação, em particular na aula de Português. Se assim é, penso que, pelo menos, na escrita, até no Brasil se evita utilizar «pra mim dizer» (cf. Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, João Sá da Costa, pág. 300).
Note-se que esta maneira de construir uma oração subordinada final (que nas normas brasileira e portuguesa deve ser «para eu dizer») é típica do português coloquial do Brasil. Em português de Portugal, ela não é – ou até agora não tem sido – tão frequente no discurso oral informal. Na escrita, porém, os hábitos normativos do Brasil e de Portugal excluem-na.
Deste modo, a resposta mais directa é a seguinte: o português coloquial do Brasil e certas variedades utilizadas em Portugal – sobretudo nos meios urbanos – podem efectivamente ser considerado incorrectos numa escola portuguesa – e muito provavelmente em qualquer escola onde se fale português –, porque nem sempre constituem códigos de expressão compatíveis com a aprendizagem de comportamentos linguísticos de maior formalidade.