De facto, a tradição gramatical tem insistido em ter de como a expressão correcta para referir a necessidade ou a obrigação.
Contudo, a forma ter que começa a ser registada até por lexicógrafos como sinónima de ter de. Por exemplo, o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa observa que «modernamente, na língua, tem-se us[ado]. o snt. ter que + infinitivo, no qual esse que tem valor como que prepositivo, em lugar do castiço ter de + infinitivo».
Do mesmo modo, o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, aceita ter que como variante de ter de.
Pessoalmente, prefiro ter de, até porque me poupa problemas ao nível da eufonia frásica (não é melhor escrever «tenho de esquecer que o tempo passa» em vez de «tenho que esquecer que o tempo passa»?) No entanto, tenho de reconhecer que o uso de ter que está praticamente legitimado – a não ser que haja uma reacção a esta tendência.