Correio - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Marco Giovannoni Itália 9K

Sou italiano e estou a tentar aprender a vossa (dificil) lingua. Não encontro um livro de gramática. Dos velhos, que dão as regras sem muitos desenhinhos e exercícios. Podem-me aconselhar?

Obrigado.

Carlos Pereira Portugal 9K

Agradeço ao Ciberdúvidas, e em especial ao consultor Sr. Gonçalo Neves, a amabilidade da resposta sobre a questão em epígrafe.

Com um «tratado linguístico» não se discute!

Respeito, compreendo e acato a expressão «círculo vicioso» em detrimento da minha «ciclo vicioso», demonstradamente errada.

Bem hajam.




Maria da Conceição Montalvão Portugal 11K

Actualmente, sempre que vejo ou oiço informações acerca dos cuidados a ter com a nossa língua, sou atacada pelo montão de dúvidas que nesta fase final da minha vida (vou fazer 70 anos) me surgem constantemente. De tal modo, que já estou a pensar se «meti a pata na poça» apenas neste fraseado.

Se assim for, suplico-vos que me corrijam... antes de mais!

Até há vinte anos, era insuportavelmente convencida – tipo Marcelo ou Rogeiro, nos seus respectivos – na utilização da nossa adorável gramática.

Hoje, posso dizer que estou a escrever isto... carregada de medo.

Tendo estudado com todo o entusiasmo e seriedade a língua portuguesa, bem como o latim durante quatro anos, nunca me considerei fundamentalista quanto à evolução natural e inevitável de quaisquer línguas faladas: muitas vezes me interrogo se aos meus avós teria sido doloroso passarem a escrever ela em vez de ella, ou quase em vez de quasi (ou quási, julgo).

Mas vamos às minhas dúvidas:

1.Será assim tão errado dizer «mais bem feito»? Ou «mais bem acabado»? Ou será «melhor dito» essas formas de «melhor feito» e «melhor acabado» que tanto agridem a nossa sensibilidade auditiva? Será o Santana Lopes «melhor vindo» ou serão mais «bem vindos» Guterres, Marcelo ou Vitorino?

Não poderão coexistir algumas das tais excepções à regra que dinamizam a comunicação oral e os processos de derivação etimológica, aliás tantas vezes desviados precisamente devido à saudável dinâmica popular da linguagem?

Obrigada por qualquer esclarecimento.

Raquel Martins Brasil 8K

Agradeço pelo respeito à variação brasileira da língua Portuguesa ao comentar as perguntas.

Aprecio vossa generosidade neste site em ajudar também a nós, brasileiros.

Que os donativos sejam igualmente generosos!

Obrigada!

Fábio Carvalho Revisor de textos – Brasil 5K

Parabéns ao Ciberdúvidas, que nesses dezoito anos recém-completados vem espalhando mundo afora – a exemplo dos grandes e destemidos navegadores lusitanos doutrora – a riqueza e as diretrizes de nossa língua através de conteúdo linguístico tão variado, valoroso e fidedigno. Além de superconfiável, é um sítio web plural e democrático, o qual qualquer um de qualquer lugar do planeta pode acessar, consultar e esclarecer dúvidas.

Que, como os bons vinhos, o Ciberdúvidas se torne a cada dia melhor e tenha vida longuíssima!

Parabéns a toda a equipe!

Joana Pedro Branco Portugal 3K

Tenho dúvidas, muitas dúvidas! Isto respondendo à vossa publicidade.

Escrever e falar bem a nossa língua, parece-me ser essencial e que infelizmente está em decadência.

Hoje numa pesquisa (mais uma vez) para confirmar o meu débil português encontrei a vossa página.

Desculpem mas tenho algum sentido crítico (positivo e negativo), pelo que não me contive e dei por mim a escrever-vos para vos dar os parabéns, a página é de facto uma excelente ajuda! E para vos dizer que lamentavelmente só hoje a descobri, por (julgo eu!) provavelmente não ser muito divulgada ou eu andar distraída, quem sabe?!

Cumprimentos.

Nélson V. Carneiro Lisboa, Portugal 8K

Constatei que o dicionário online da Porto Editora e [o da] Priberam apenas apresenta[m] como elegível o nome Rodolfo.

Uma pesquisa breve levou-me a constatar que não é unânime nem solidamente fundamentada esta opção, também subscrita em outros locais, como adiante explicito. 

Em O Grande Guia dos Nomes (Editora Alto Astral, 2013), surge Rodolfo com origem por via do germânico, apresentando contudo Rudolfo como variante.

Em The Penguin Book of Names for Australian Babies, surge Rudolph como tendo origem o germânico, mas apresentando as opções Rudolfo ou Rodolfo.

Por sua vez [numa resposta do Ciberdúvidas] (que tem prestado um inegável serviço comunitário) é sustentada a opção por "Rudolfo", sendo que, embora o senhor José Pedro Machado aconselhe a grafia com "o" [...], é efetivamente apresentada como origem Rudolph (alemão – origem por junção de dois termos de sentido Rad «conselheiro» + Wolf «lobo». Referindo J.M.C. a sua estupefação pelo facto de a Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, da Editorial Verbo, escrever "Rudolfo" como o nome do conhecido lago africano. Quando numa pesquisa a designações a este lago, surge, na maior parte das vezes, a palavra grafada com u. Existindo inclusive a designação de Homo Rudolphensis para caracterizar o grupo dos ancestrais hominídeos que viveu entre 1,8 e 2,5 milhões de anos atrás no leste, sudeste e sul de África. Note-se que este lago se chama atualmente Turkana em referência à tribo mais relevante da área por deliberação do governo queniano em 1975. Anteriormente detinha a designação de «Lago Rudolfo» devido ao facto de em 1887-1888 os exploradores Von Höhnel e Samuel Teleki (primeiros europeus a avistar o lago) assim o designarem em homenagem ao seu mecenas e patrocinador da expedição, príncipe Rudolf von Habsburg-Lorraine da Austria (também patrono de Beethoven), que financiou a expedição.

Pergunto-me se na presença de um vasto caminho desde a antiguidade até um cenário atual onde coabitam as designações Rodolfo e "Rudolfo"  como é o caso do artigo de apoio da Infopédia – Adolfo Rudolfo da Costa Malheiro (oficial militar natural do Porto) - existe alguma razão solidamente fundamentada, para além da inclinação do senhor José Pedro Machado e de J.M.C. (o autor da resposta do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa), para que as editoras não apresentem, pelo menos como variante a opção "Rudolfo"?!

Quando assistimos à incorporação de termos como "fixe", "email", "online", "bué", "baril", "online", "garçom", "croissant"... nos dicionários de língua portuguesa, será admissível a exclusão sumária de "Rudolfo", de todos os Rudolfos (sequer como variante)?!...

Se não se encontrar uma solução equilibrada, as restantes renas, em solidariedade, este ano, não transportarão o Pai Natal. Logo, não haverá presentes para ninguém... :)

Gonçalo Matos Portugal 26K

Fiquei escandalizado quando me deparei com esta resposta a uma questão acerca da tradução mais correta para a expressão password. O senhor que respondeu à questão está totalmente equivocado. Eu teria todo o prazer em esclarecê-lo, mas o que está publicado é muito grave e tem de ser retirado.

Em Portugal, password só tem uma tradução possível. Não digo que senha não exista porque, de facto, existe. No entanto, não designa password. Não sou eu que estou a inventar ou a complicar. Qualquer dicionário rigoroso e consistente poderá, também, provar-vos o que estou a afirmar.

Vejamos:

palavra-passe: Sequência de caracteres alfanuméricos que permite o acesso a dados ou sistemas informáticos protegidos. Palavra ou expressão que desencadeia uma operação num computador.

senha: Sinal, gesto combinado entre duas ou mais pessoas. Cautela. Bilhete que se dá em certos recintos de espetáculos, aos espetadores que dele saiam momentaneamente. Palavra que se junta ao nome do santo, na frase que serve para as rondas e as sentinelas que se reconhecerem. Bilhete com caracteres numéricos responsáveis pelo ordenamento de aglomerados de pessoas e filas de espera.

O que sucede é que os Acordos Ortográficos vão além da ortografia. E o fenómeno da globalização também ajuda! A utilização da palavra senha para traduzir password, em Portugal, deu-se a partir do momento em que houve brasileiros a produzir sistemas para Portugal e houve sistemas ingleses/alemães/espanhóis a serem traduzidos apenas para português do Brasil e a serem usados em Portugal.

Formação da palavra:

Se separarem pass de word obtêm «passar» e «palavra». Dados os ajustes obviamente necessários, gerou-se passe e palavra. Uma vez que no inglês a inversão do nosso sentido natural de escrita é conhecido, foi necessário transpor para a expressão «palavra de passe». Já que em português temos o fantástico fenómeno linguístico da justaposição, criou-se a expressão palavra-passe.

Utilização da palavra:

Quanto à questão do uso militar da palavra password, não vou alongar-me. Não é que não tenha argumentos, mas a explicação seria demasiado extensa quando se resume ao facto de as palavras terem de sofrer alterações mediante a sua utilização, i.e., a circunstância em que são utilizadas. Tem milhares de milhões de exemplos desta situação na língua portuguesa.

Espero que corrijam o que foi escrito em http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=1934

Fernando Kvistgaard Dinamarca 1K

Num pequeno livro que escrevi, descrevendo paralelismos entre a história de Portugal e a da Dinamarca desde o século XII, tentei mostrar que, estranhamente, Portugal era mais conhecido naqueles tempos do que agora, tratando dos dois Estados-Nação mais antigos da Europa.

Entrando finalmente no assunto que me levou a escrever estas linhas, e que tem mais a ver com a nossa língua: há dois dias não pude deixar de me constranger ao ouvir no noticiário de um dos canais de TV daqui, referir-se ao ensino do brasileiro na Universidade de Copenhaga. Por motivos de cortes nas despesas, o ensino de várias línguas, como o árabe, o chinês o brasileiro e outras, deveram ser restringidas. Tanto a pessoa entrevistada (leitor da universidade) como a entrevistadora, referiram várias vezes o “brasileiro”. Não me contive e enviei de imediato um e-mail à estação da TV e ao entrevistado. Como era de esperar (aqui na Dinamarca responde-se sempre a qualquer carta ou e-mail) recebi resposta. Da parte do leitor, justificando-se que ele quis referir-se a “estudos brasileiros” quando disse o "ensino do brasileiro"; de parte da TV, pediram desculpa pelo equívoco.

Vezes sem conta tenho também refilado sobre a presentação dos boletins meteorológicos, quando há mau ou bom tempo em Espanha em vez de, pelo menos, dizer na Península Ibérica.

De quem é a culpa deste estado lastimoso sobre o conhecimento de Portugal? Felizmente ainda temos o Ronaldo que nos ajuda. Nas páginas da Internet, quando há opções para a escolha da língua, o que vemos como símbolo da língua portuguesa? Claro, a bandeira do Brasil. Nem tão pouco a União Europeia, para onde também escrevi, se dá conta disto, quando subsidia o sistema de tradução livre “Babylon”.

As embaixadas e os consulados portugueses parece que só se ocupam de recepções, quando deviam estar vigilantes quanto ao que se passa nos países onde representam Portugal, controlando o que se ensina sobre Portugal nas escolas, etc.

Melhores cumprimentos, de um que não adere ao AO.

Helenilson Pereira da Silva Garanhuns – Brasil 1K

Como pôde Portugal aprovar o Acordo Ortográfico sem exigir um estudo por parte dos filólogos nesta questão? A Academia Brasileira de Letras impôs este Acordo, quando apenas dois homens (Antônio Houaiss – Brasil – e João Malaca Casteleiro – Portugal ) prepararam o texto. E atualmente, a Academia Brasileira de Letras tem apenas Evanildo Bechara como especialista. Aliás, é bom que se diga que aqui no Brasil temos a Academia Brasileira de Filologia, cujos 40 membros são especialistas. Por que eles não foram consultados? Há ainda a Associação Brasileira de Linguística composta de 4000 membros, todos especialistas, bem como a Associação de Linguística Aplicada do Brasil, composta de 3000 membros, os quais não foram consultados. Do mesmo modo, a Academia das Ciências de Lisboa conta apenas com João Malaca Casteleiro. Há a Associação Portuguesa de Linguística, a qual não foi consultada, e, ainda, o Instituto de Linguística Teórica e Computacionall, o qual ficou com a tarefa de preparar o Vocabulário Ortográfico Português. Se o VOLP da ABL está cheio de incoerência, quanto mais os vocabulários portugueses? O VOLP da Porto Editora difere do VOP do ILTEC, e ambos diferem do VOALP da ACL.