«Mais bem feito»
Actualmente, sempre que vejo ou oiço informações acerca dos cuidados a ter com a nossa língua, sou atacada pelo montão de dúvidas que nesta fase final da minha vida (vou fazer 70 anos) me surgem constantemente. De tal modo, que já estou a pensar se «meti a pata na poça» apenas neste fraseado.
Se assim for, suplico-vos que me corrijam... antes de mais!
Até há vinte anos, era insuportavelmente convencida – tipo Marcelo ou Rogeiro, nos seus respectivos – na utilização da nossa adorável gramática.
Hoje, posso dizer que estou a escrever isto... carregada de medo.
Tendo estudado com todo o entusiasmo e seriedade a língua portuguesa, bem como o latim durante quatro anos, nunca me considerei fundamentalista quanto à evolução natural e inevitável de quaisquer línguas faladas: muitas vezes me interrogo se aos meus avós teria sido doloroso passarem a escrever ela em vez de ella, ou quase em vez de quasi (ou quási, julgo).
Mas vamos às minhas dúvidas:
1.Será assim tão errado dizer «mais bem feito»? Ou «mais bem acabado»? Ou será «melhor dito» essas formas de «melhor feito» e «melhor acabado» que tanto agridem a nossa sensibilidade auditiva? Será o Santana Lopes «melhor vindo» ou serão mais «bem vindos» Guterres, Marcelo ou Vitorino?
Não poderão coexistir algumas das tais excepções à regra que dinamizam a comunicação oral e os processos de derivação etimológica, aliás tantas vezes desviados precisamente devido à saudável dinâmica popular da linguagem?
Obrigada por qualquer esclarecimento.
